9 de set. de 2008

A Continuação...

Sylvia estava de costas e sentiu-se congelar ao ouvir Alan saudando a pessoa que acabara de entrar:
_ Oi, Gerry! Já íamos encerrar sem você. O que houve?
_ O transito...sabe como é a esta hora... – ele meio que parou de falar o que ia dizer ao ver a mulher de costas, que o lembrou muito de alguém.
Ed levantou-se e antes de cumprimentar Gerry, olhou para Sylvia, esperando que ela o imitasse. De repente, pareceu dar-se conta do que estava acontecendo com ela, ao ver o rosto muito pálido da amiga e ligar ao nome que acabara de ouvir. Ele sabia que o outro sócio da produtora era Gerard Butler, mas desconhecia o seu apelido.
_ Sylvia...Você está bem?
Neste momento, foi a vez de Gerry surpreender-se. “Sylvia? O que ela faz aqui?”, perguntou-se e tentando fazer a ligação entre a garota de sexta e a advogada que estava ali. “Não devem ser a mesma pessoa”, imaginou.
Sylvia levantou-se lentamente e virou-se. Ainda tinha a esperança que o Gerry da produtora não fosse o mesmo que ela conhecera, apesar da voz ser muito parecida...diria, inconfundível. Suas dúvidas todas caíram ao chão, quando o olhou diretamente. Ela, quase foi ao chão. “Controle-se, Sylvia...Faça de conta que não o conhece...Provavelmente ele fará o mesmo. Ele não vai se atrever a ...”, seu pensamento foi interrompido por Gerry, que aproximou-se rapidamente dela, com um doce sorriso e curvou-se para beijá-la no rosto.
_ Sylvia...que prazer...- disse ele.
Ao mesmo tempo, Sylvia esquivou-se de seu “cumprimento” efusivo e olhou-o o mais friamente que pode.
_ Nós nos conhecemos?
_ Vocês se conhecem? – perguntou Alan, meio defasado no tempo.
_ È um prazer conhecê-lo, senhor Butler – Ed tentava consertar a situação constrangedora, tirando a atenção de Sylvia, que parecia que ia ter uma síncope a qualquer instante, dando um tempo para que ela se recuperasse do choque. Apesar de Gerry não conseguir tirar os olhos dela, cumprimentou-o meio que automaticamente:
_ O prazer é meu, Ted – respondeu sem olhar o advogado – Sylvia, acho que precisamos conversar...
_ Ed...de Edward – corrigiu, chateado com a troca de seu apelido, mas levando em conta o momento de conflito que o outro devia estar passando. Não devia ser nada fácil ele encontrar uma garota de programa, do qual fora cliente, sendo sua advogada, dias depois. Mais uma vez ele era seu cliente... “Nossa, que confusão”, pensou Ed.
Antes que Gerry tivesse a chance de dizer mais alguma coisa, Sylvia conseguiu desviar os olhos dele e virando-se para Alan, que também estava em situação de pasmo, disse:
_ Alan, o Edward pode terminar a reunião sem mim. Acho que já não sou necessária. Preciso sair imediatamente, pois tenho outro compromisso. Sei que você vai entender.
_ Claro...mas você está bem?
_ Sim. È que lembrei agora deste outro compromisso – disse mostrando um sorriso amarelo e virando-se para Ed – Edward, nos falamos depois.
Pegou sua elegante maleta Louis Vuiton e saiu, diante do olhar estupefato dos três homens.
_ Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – indagou Alan, olhando para um e outro, esperando alguma manifestação.
_ Quem sabe se terminamos a assinatura dos papéis e encerramos a reunião? – sugeriu Edward.
_ Eu vou atrás dela – disse Gerry, preocupado com a reação de Sylvia.
_ Melhor não – afirmou Edward, com firmeza – Não é o melhor momento.
_ Acho que Ed tem razão. Vamos encerrar logo esta reunião e resolver assuntos pessoais depois, ok? – Alan começava a ficar irritado com a falta de informações e o descaso com a sua presença.
_ Está bem... Mas depois precisamos conversar – falou Gerry, apontando para Edward.
Tentando retomar o fio da meada, Ed continuou as explicações de onde Sylvia parara. Não tinha muito mais o que falar.
_ Se quiser, senhor Butler, posso voltar atrás na explanação.
_ Não é necessário. Tenho certeza que Alan entendeu tudo. Qualquer dúvida esclarecemos depois. Onde eu assino? – sua vontade era ter corrido atrás dela. Não conseguira tirá-la da cabeça desde aquela noite incrível. E agora ela aparecia assim. Enfim...
Era uma ótima notícia. Não precisaria mais tirá-la de uma vida ilegal...ou será que ela tinha vida dupla? Mais incertezas o incomodavam.

Assim que passou da mesa da secretária de Alan e encontrou-se no corredor do luxuoso prédio de escritórios, Sylvia ainda tentava segurar o choro. Não ia dar este gosto a ele. Já tinha se decidido a esquecê-lo e tudo mais que acontecera. Precisava pensar nas suas férias. Mas a vergonha voltava a rondá-la. Certamente ele contaria para Alan o que acontecera. Estava acabada como advogada. Viraria chacota no meio artístico. Amaldiçoava aquela noite. Uma única vez que tomara uma atitude sem usar a razão, dera nisso. Talvez precisasse começar a pensar em montar um escritório em Aruba. Eles deviam utilizar os serviços de advogados por lá também. Quem sabe um escritório de frente para o mar. Até que seria interessante. Pensando ridiculamente desta maneira, as lágrimas voltavam a querer rolar. Saiu do prédio e fez sinal para o primeiro táxi que viu. Ainda não decidira para onde ir. Teoricamente não tinha mais trabalhos a realizar naquele dia.
_ Para onde, senhorita? – perguntou o motorista com cara de mexicano.
_ Para casa.... – disse como um autônomo.
Sentindo o olhar sem paciência do motorista, caiu em si e falou:
_ Oh! Perdoe-me! O endereço é...
Rapidamente, seguiram o itinerário indicado e, em poucos minutos, Sylvia desembarcava em sua casa. Ligou para o celular de Ed e avisou-o de sua resolução de não aparecer mais no escritório naquele dia e nos demais próximos trinta dias.

_ Parece que ela está bem... – disse Ed para Gerry, ao desligar o telefone.
A reunião já acabara. Deixaram o escritório de Alan, com a promessa de o atualizarem sobre os fatos em outra ocasião. Foram a uma Starbucks, próxima do escritório, para conversarem.
_ Agora, por favor, me conte o que está acontecendo – pediu Gerry, ansioso.
_ Olha, Gerry. Eu mal o conheço, a não ser por ter visto o seu último filme. Acho você um ótimo ator. Estou muito contente por estar trabalhando para sua produtora. Mas você deu um tremendo fora com a minha amiga, Sylvia.
_ Edward, eu nem sei por onde começar. Não sei qual o seu grau de intimidade com Sylvia, mas...
_ Sou íntimo o suficiente para saber de tudo que aconteceu entre vocês.
_ Tudo?
_ Quase tudo...A Sylvia é como uma irmã para mim. O que aconteceu foi que armaram para cima dela. Sem saber onde estava se metendo, foi parar naquela espelunca chamada “Lohan’s” e encontrou você. Te achou um cara legal. Talvez um pouco mais que isso. E pela primeira vez em muitos anos se desarmou e precipitou-se. Era o seu aniversário e você seria o presente dela. Acho que ela alimentou algumas fantasias a seu respeito, achando que aquilo que aconteceu tinha sido mais profundo do que era.
_ E foi... – afirmou Gerry, num quase sussurro, tristonhamente – Era o aniversário dela?
_ Sim. Se foi importante para você, porque deixou aquele bilhete e o cheque? Porque não tentou conhecê-la melhor?
_ Fiquei com medo. Realmente pensei que ela estava agindo apenas “profissionalmente” e que riria na minha cara se eu tentasse conquistá-la de outra forma.
_ Eu não devia lhe falar, mas eu o defendi perante ela. Você realmente não tinha como saber que ela estava lá naquele lugar por acaso e não caçando clientes. Você a impressionou muito, cara. Por isso a desilusão foi muito grande quando ela leu o seu bilhete e viu o seu cheque. Aliás, aqui entre nós...Você costuma pagar tudo aquilo por uma garota?
Ed resolveu calar-se ao ver o olhar recriminador de Gerry
_ Está bem, desculpe por este último comentário.
_ Eu preciso falar com ela e pedir desculpas.
_ Acho que não vai ser possível. Pelo menos não nos próximos trinta dias.
_ Porquê?
_ Porque ela está saindo de férias hoje.
_ Férias?
_ Ela anda trabalhando muito. Combinamos que depois desta reunião de hoje ela sairia para descansar, depois de três anos de trabalho direto.
_ E para onde ela vai?
_ Na verdade...Eu não devia estar falando estas coisas com você. Ela vai me matar. E eu vou matar você se a fizer sofrer mais do que já fez, entendeu? – disse, surpreso com o próprio tom de voz usado para aquela ameaça.
_ Por favor, fale. Eu juro que não vou magoá-la.

Depois de terminar de resolver alguns problemas surgidos no escritório, Edward ligou para Sylvia para saber como ela estava.
_ Sylvia? Alô? Sou eu, Ed.
_ Oi, Ed – respondeu ela, com voz entristecida.
_ Você está bem?
_ Agora estou melhor. Só ainda não resolvi onde vou montar o meu escritório de advocacia depois das férias.
_ O quê? O que você está dizendo?
_ Claro que depois de hoje, a minha fama em Los Angeles não vai ser das melhores.
_ Como assim?
_ Todos vão saber o que aconteceu no Lohan’s entre eu e o...
_ Sylvia, minha amiga...Você está pior do que eu imaginava. Esta tarde sozinha com você mesma não lhe fez bem. O Gerry não vai contar para ninguém o que aconteceu. Aliás, ele não contou nem para o Alan. Ele é um gentleman. Não se preocupe.
_ Tem certeza disso?
_ Absoluta. Bem que eu gostaria de ir até aí para podermos conversar, mas combinei com minha mãe de visitá-la agora à noite e, obviamente, que isto inclui um jantar, que deve terminar tarde.
_ Pode deixar, que as idéias suicidas já se foram.
_ Sylvia!
_ Estou brincando...- confortou-o, sem muita certeza do que estava dizendo.
_ Pense que amanhã você vai estar longe de tudo isto. Vai divertir-se muito nestes próximos dias e voltar renovada.
_ Tomara, Ed...Tomara.
_ A que horas parte o seu vôo amanhã?
_ Às 12 horas.
_ Eu vou buscá-la em casa para levá-la ao Aeroporto. Daí poderemos conversar um pouco. Está bem?
_ Está bem. E o trabalho.
_ Ninguém vai morrer se eu não estiver por lá algumas poucas horas. A sanidade mental da minha sócia ainda é mais importante.
_ Obrigada, Ed. Por isso é que te adoro.
_ Bem, depois desta declaração vou ligar para mamãe e cancelar o nosso compromisso e vou correndo para a sua casa.
_ Bobo. È sério. Eu estou bem. Só estava realmente preocupada com a possibilidade da fofoca espalhar-se por aí. Se ele garantiu que não fará isso, fico mais tranqüila. Vá para o seu “encontro” sossegado.
_ Então, até amanhã. Durma bem, querida.
_ Até amanhã, Ed. Boa noite prá você também.
Desligou o telefone e voltou a posição em que estava na poltrona da sala. Conseguira manter-se ocupada boa parte da tarde com suas arrumações e montando a mala para sua viagem. Recebera a resposta de algumas das agencias de turismo, mas nada a agradara muito. Ainda faltavam dois ou três retornos. Sentara-se na sua poltrona predileta, com direito a vista dos morros que envolviam a cidade, pensando nele. Não conseguia evitar o desvio de seus pensamentos para aquele homem. Ele estava lindo hoje, quando entrou na sala de Alan pela manhã, naquela calça jeans surrada, a camisa branca aberta no peito...Os cabelos de reflexos prateados, que lhe conferiam um charme especial...Porque ele tinha de ser tão charmoso e sedutor? Mesmo depois de tudo que acontecera, ainda sentia seus joelhos fraquejarem e aquele calor subir por seu corpo. A lembrança de seus beijos não a deixava em paz. Nunca sentira por ninguém o que sentira por ele, ao ser beijada. Porque tinha de ser assim? Talvez o ditado “sorte nos negócios, azar no amor” ou algo semelhante, fosse verdadeiro.



Olhem só com quem a Sylvia foi se enrolar...Dá prá não ficar doidinha?

3 comentários:

Ligia Bento disse...

Ro, e dá pra Sylvia não se enrolar! Eu tô aqui, querendo me enrolar todinha nele... kkkkkkkkkkkkk...
QUERO MAIS, QUERO MAIS!!!

Unknown disse...

MAis, mais mais mais mais mais ++++++++++++++++++++++++++
kkkkk chata eu né Ro afffff..
mais é culpa sua suas fics são tão envolventes que a gente não quer parar de ler muito menos esperar pelos próximos capitulos..
To adorando, ahh tbm quero me enrrolar no Gerry deixa um pouco pra mim tbm chefaaa.hausausauhs
Beijinhus Ro..

Lucy disse...

Eita que eu fiquei até com um friozinho no estômago com essa situação embaraçosa... E o jeito como vc escreve, parece mesmo que é a gente que está ali, vivenciando o momento.
Ro, já imaginou? Euzinha ali!!! Afffffffffff............
Mas nem me fale numa situação dessas... eu que já sou manteiga derretida para assuntos pessoais, teria que sair dali corrento tb, antes de me desatar a chorar...

Quer me matar, amiga?!!!
"Calça jeans surrada, camisa branca aberta no peito (ai esses pelinhos no chester...)e esses cabelos..." - ovulei!!! aliás, vou fazer doação de óvulos, pq a minha fábrica deve estar em produção contínua, porque tá um calor aqui...
Ai, sorte da Sylvia que pode, ao menos, se lembrar dos beijos dele... euzinha, daqui, fico só na vontade... buáááááááá...
Beijinhos