25 de mar. de 2009

Cena deletada de RNR

Passei só pra deixar esse mimo para vocês:

24 de mar. de 2009

"Gerard Butler naked..." (GBGals)



Olá, meninas!

Em vista da ausência prolongada do nosso escocês lindo e amado em fotos ou notícias mais substanciosas, ao ler uma pequena nota no GBGals, na noite de ontem, dei asas a minha fértil imaginação (é só o que posso fazer mesmo...imaginar, sonhar...) e resolvi passar a voces em forma de mini-fic. Espero que gostem e leiam com moderação ( mas não muita...rsrsrs).


A Massagista


Começara a trabalhar na equipe de massagistas profissionais de Dick Harris há cerca de três meses, mas já conquistara a sua confiança, demonstrando a eficiência de meus serviços terapêuticos. Dick, por sua vez, havia conquistado uma invejável fatia do mercado em Nova York, trabalhando para os famosos do cinema e do teatro. Eu me formara há cinco anos e pretendia ter minha própria equipe, no futuro. Trabalhar com este novo grupo talvez fosse o trampolim para tal.
Naquele dia, Dick me ligou dizendo que fora chamado para ir à Philadélfia a pedido de um grande amigo e cliente seu para prestar serviços ao atores e diretores de uma equipe de filmagem que lá estava. Estavam fazendo um filme de ação há vários dias e precisavam de terapia muscular e relaxamento, pois o trabalho estava sendo muito estressante, castigando corpo e mente do cast. Infelizmente ele não poderia ir, pois já tinha outro compromisso tão importante quanto este. Por isso gostaria que eu fosse em seu lugar. Admirava muito meu trabalho e competência e achava que não havia ninguém melhor na equipe que eu. Até sugeriu uma sociedade, em breve. Animadíssima, concordei imediatamente. Corri para fazer minhas malas e passar no escritório para pegar a passagem e receber as últimas recomendações.
Ainda naquele final de tarde, partia rumo a Phil, felicíssima com a oportunidade . Ao chegar, hospedei-me no mesmo hotel de meus novos clientes. Segundo Dick, ele não conseguira falar com seu amigo ator, mas deixara recado avisando da minha ida em seu lugar. No dia seguinte, após uma bela noite de sono, tentei localizá-lo, mas fui informada que ele já estava no set de filmagem, mas que voltaria antes do horário de almoço.
Tomei calmamente meu café da manhã e resolvi dar uma checada no set, para conhecer quem seriam meus pacientes. Ao chegar lá, estava uma loucura. Parece que iam filmar uma perseguição pelas ruas e todos estavam muito ansiosos.




Sem querer, acabei me colocando no meio das filmagens e sendo xingada pelo diretor e seu assistente, que queriam saber quem eu era, o que estava fazendo ali e que eu devia dar o fora imediatamente. Surpresa com a grosseria deles, corri sem olhar para onde e esbarrei violentamente contra um senhor de idade que vinha na direção oposta. Ele permaneceu de pé, mas eu fui direto para o chão, caindo sentada no asfalto da rua. Ainda meio tonta com o susto, me senti erguida por fortes mãos. Era o velho que me derrubara que parecia estar em muito boa forma para sua idade. Perguntou-me se eu estava bem, olhando-me dos pés a cabeça, com lindos olhos verdes, averiguando meu estado. Seus olhos não tinham nada de envelhecidos. Fiquei envergonhada por ter esbarrado nele e mais ainda por sentir um arrepio inadequado àquele momento, com aquele idoso. Desculpei-me. Não sabia onde me enfiar, ao que ele abriu um sorriso divertido, mostrando dentes perfeitos .
_ Você trabalha aqui? – ele perguntou.
_ Não...Quer dizer, sim...não...
_ Gerry!!! Vamos filmar! – gritou o homem que havia sido grosseiro comigo antes.
_ Já vou! – gritou o velho – Tem certeza que está bem? Você me parece meio confusa – indagou simpaticamente.
_ Não se preocupe. O senhor está bem?Não se machucou? Me perdoe por não tê-lo visto. Não está sentindo nada? – disse, realmente preocupada com ele, devido a sua idade. Não quis ser indelicada citando isto, mas ele poderia ter caído e fraturado um fêmur ou outra coisa.
_ Não, apesar da minha idade, estou bem – respondeu com ar estranhamente divertido – Tenho que ir agora.
_ Claro, fique à vontade.
Fiquei observando-o afastar-se. Ele poderia ser meu avô, mas tinha um andar ágil e elegante. Muito estranho...


Decidi não ficar mais por ali. Não conseguira ver o amigo de Dick. Talvez fosse melhor esperá-lo no hotel para começar meu trabalho. Tinha de verificar se havia um local adequado para realizar as massagens.
No hotel, fui informada que teria de fazer meu trabalho nos apartamentos de meus clientes, pois a área do hotel destinada a isso era terceirizada e não podiam autorizar-me a realizar o trabalho lá. Tudo bem. Eu levara meu material (óleos e alguns aparelhos). Não teria problema algum.
Já passava do meio dia, quando fui avisada que o senhor Butler chegara e me esperava em sua suíte.
Subi até o 6º andar e cheguei ao apartamento 601, munida de meu “equipamento”. A porta estava só encostada. De qualquer forma, bati antes de entrar, ao que ouvi:
_ Entre, Dick! A porta está aberta!
Ele não sabia que eu não era Dick! Não recebera o recado. Fiquei temerosa de sua reação. Fui entrando com cautela na sala de estar e percebi que a porta do quarto estava entreaberta. Quando ia me apresentar, sua voz bradou novamente:
_ Espero que não fique chateado, mas já estou pronto para a massagem. As filmagens devem recomeçar em cerca de uma hora e meia. Não dá para perder muito tempo e quero aproveitar ao máximo esta hora para relaxar. Estou precisando muito desta massagem que só você sabe fazer, Dick.
Entrei no quarto e lá estava ele. Totalmente nu, de bruços, apenas com as nádegas cobertas por uma toalha de banho. Era um homem de grande estatura, corpo sarado...perfeito.
A voz me faltou. Não conseguia dizer que não era Dick que estava ali. Diante da minha mudice, ele levantou a cabeça e perguntou:
_ Dick...É você?
_ Herrr....Não, não é o Dick, senhor Butler. Meu nome é Diane Bart e estou substituindo Dick , a pedido dele.
_ Como? – ele virou-se, espantado, para olhar-me, sentando-se na cama e cobrindo-se da cintura para baixo com a toalha.


Estranhamente, ele sorriu ao me ver.
_ O que aconteceu com aquele embusteiro? Porque não me avisou que mandaria outra pessoa?
_ Acho que não lhe deram o recado, pois ele me disse que deixou um aviso sobre a impossibilidade dele vir.
_ Bem, você deve ser muito competente para ele a mandar em seu lugar – apesar da situação embaraçosa, ele parecia muito à vontade, divertindo-se com o meu rubor incontrolável, olhando-me como se eu fosse um espécime raro exposto numa vitrine. E que olhos ele tinha...belos olhos verde-azulados...verdes...Não , não era possível. Era apenas uma coincidência...
_ Então, senhorita Diane, mãos à obra. Como eu falei, não temos muito tempo a perder – dizendo isto, jogou a toalha sobre a cama e voltou a deitar-se de bruços.
Apesar de já ter visto muitos homens nus à minha frente, aquele me fez sentir sensações inesperadas, de calores e tremores que eu ainda não desfrutara antes. Precisava controlar-me e ser o mais profissional possível.
_ Claro. Vamos começar já. O ideal seria termos uma mesa para massagem. A cama não é um lugar muito confortável para este tratamento.
­_ Você tem razão. Vou providenciar um local melhor para você realizar o seu trabalho. A cama deve ser deixada para outras atividades... – eu jurava ter visto um sorrisinho irônico vinda daqueles lábios ...desejáveis. Eu precisava me controlar. Ele era só mais um cliente, que poderia indicar-me para seus colegas e amigos.
Lembrei que Dick me falara que ele já tivera problemas musculares muito graves durante e após um de seus filmes, onde adquiriu grande massa muscular em poucos meses de treinamento. Por isso, perguntei:
_ Gostaria que eu trabalhasse algum grupo de músculos em especial?
_ Talvez outra hora...- sorriu daquele jeito mais uma vez – Agora, eu só quero relaxar mesmo.
Olhei o objetivo a minha frente e cheguei a ficar tonta. Ele tinha um corpo magnífico. Passei o óleo relaxante, levemente canforado, em minhas mãos e comecei a massagear-lhe os ombros e o pescoço. Ele estava tenso. Podia sentir a musculatura rígida sob meus dedos. Aos poucos fui conseguindo que ele relaxasse, arrancando-lhe um suspiro de vez em quando. Minhas mãos foram descendo pelas costas amplas, músculos dorsais e lombares poderosos, que terminavam em uma elevação deliciosa onde começavam os glúteos rijos e arredondados. A cada reposição do óleo aquecido em minhas palmas das mãos, ele soltava um gemido tímido, que aumentava o meu prazer em trabalhar aquele “conjunto harmonioso de músculos”.
Continuei meu trabalho através das coxas grossas e firmes, pernas longas e bem torneadas pelo exercício físico diário. Logo cheguei aos pés, onde me dediquei a massagear o dorso e a região plantar com suavidade, com o cuidado para não fazer cócegas. Estava muito concentrada e, porque não dizer, inebriada, com meu trabalho, quando ele falou quase num sussurro, com os olhos fechados:
_ Você tem mãos maravilhosas...Por onde você andava? -
_ Pode virar-se, por favor...
_ Não sei se é recomendável... – disse ele.
_ A pressa em terminar não é minha – falei tentando parecer desinteressada.
_ Já que é assim... Pode me dar um segundo e olhar para o outro lado?
Eu achei graça na inesperada onda de timidez que o possuíra, mas virei conforme solicitada, cuidando para que ele não percebesse minha expressão de gracejo.
_ Pronto. Pode virar-se – falou, depois de poucos segundos.
Lá estava ele, virado de costas sobre a cama, com a toalha jogada sobre seu ventre, tentando encobrir o volume que se elevava entre suas coxas.
_ Eu disse que não era recomendável – ele parecia um pouco desconfortável.
Não consegui segurar um riso contido e tentei deixá-lo mais a vontade.
_Confesso que não costumo provocar este tipo de reação em meus clientes, mas sinta-se a vontade. Relaxe.
Ele pareceu ter ficado menos molestado, mas não parava de me olhar. A ereção também não diminuía.
Coloquei mais uma vez o óleo nas mãos e, tentando não pensar na situação que se apresentava, comecei a massagear os músculos de seus braços, tríceps e bíceps admiráveis, descendo até suas mãos grandes e macias, apertando com pressão calculada cada ponto das palmas.
Chegou a vez do tórax...Céus...Um calorão tomava conta de mim...Aquilo não ia acabar bem... Minhas mãos passaram a acariciar com firmeza o grande peitoral, com seus mamilos eretos, mostrando claramente a continuação de sua excitação, que começava a ser minha também.
Vacilei por um momento em iniciar o trabalho sobre o abdome, mas não podia deixar que ele percebesse o meu estado. Com lentidão, passei as mãos pelo reto abdominal, oblíquo externo, piramidal ...Chegando próxima ao púbis onde...Que vontade de beijar cada pedaço daquele homem... Não sei se ainda conseguia disfarçar qualquer sentimento ou desejo por ele. Provavelmente não, pois senti que suas mãos me envolveram e ele ergueu-se repentinamente da cama. Tentei repeli-lo, mas era tarde demais. O desejo se apoderara de nós dois. Com sofreguidão, ele despiu meu uniforme branco, jogando-me sobre o leito, espalhando o óleo sobre meu corpo, escorregando suas mãos sobre meus seios, abdômen e...chegando à virilha, onde passou a aumentar ainda mais minha inquietação. Já não conseguia ficar relutar nem pensar em como me portar. Eu estava em vias de ter uma relação com um cliente...Estava completamente louca...Mas nada mais importava, a não ser a ânsia de ser possuída por aquele homem. Puro desejo, pura atração física? Nunca pensei que isto poderia me acontecer. Mas ali estávamos, como selvagens, nos agarrando como se nada mais existisse, apenas o prazer daquele momento.
Continuávamos incessantemente nossa procura por satisfazer ao máximo o desejo do outro, buscando áreas de prazer, tateando, beijando, lambendo, mordendo, arranhando...Não resistindo mais a espera, ele me penetrou sem dó, viril, potente, túrgido e freqüente. Logo, o calor líquido e viscoso misturou-se em mim, provocando espasmos e gemidos de prazer, intensos e múltiplos...
_ Diane...Diane...
A voz rouca chegou aos meus ouvidos, vinda de longe. Aos poucos consegui voltar à quase normalidade, diante do olhar observador e meio sonolento de Butler.
_ O que foi? – falava como se estivesse saindo de um sonho.
_ Você já acabou? Lembra que tenho um compromisso daqui a pouco – ele sorria como se adivinhasse o que se passara em minha imaginação naqueles longos minutos.
_ Sim...Já pode se considerar liberado. Desculpe...Eu estava distraída.
_ Acho que estávamos juntos nesta distração... – disse, olhando-me e falando de forma carinhosa.
Será que ele percebeu? , pensei.
_ Vou ser obrigado a dispensar o Dick quando voltar para Nova York. De agora em diante você será minha massagista oficial – disse, enquanto levantava-se torporoso da sessão – Você conseguiu o que eu achava impossível...relaxar. Acho que você terá muito trabalho nestes próximos dias. Toda a equipe vai querer passar por suas mãos milagrosas. Mas vai me prometer que terei a preferência, sempre que pedir. Promete?
_ Prometo – eu prometeria o que ele quisesse. Seria o que ele quisesse.
Ele levantou-se, enrolado em sua toalha e foi para o banheiro, enquanto eu arrumava minhas coisas e deixava o quarto. Esperava que aqueles próximos dias demorassem muito para acabar...






Como eu falei, foi só uma mini-fic para tirar a nossa tristeza e acalmar nossos pobres corações aflitos pela longa abstinência...
Beijos a todas!!!

8 de mar. de 2009

Devaneios de Carnaval.....


Era uma manhã de muito sol.... fazia uns 40º na sombra.... praia cheia, repleta de turistas. Era carnaval e muitos estavam ali para descansar e muitos outros para farrear!! Eu queria apenas curtir meu feriado, descansar depois de vários dias de sufoco na cidade grande.
Cheguei cedo, consegui um lugar a uma enorme sombra de “chapéu de praia” (http://lh3.ggpht.com/_3q-Uk11XYo0/R7GCy2w-oBI/AAAAAAAAA1k/wPWgqt8lgeA/SUNP0141.JPG ) como chamam esta árvore, abri minha cadeira, estendi minha toalha. Passei meu protetor solar por todo corpo. Já ia me sentar quando percebi a presença masculina ao meu lado me encarando de cabeça aos pés, a ponto de sentir um frio na espinha, com tamanha beleza.... corpo escultural, malhado, suado... seu perfume me deixava atordoada....
Ele se aproximou e perguntou:
- Não quer ajuda pra passar o protetor nas costas?
Não sabia o que responder, tentei ver seu rosto, mas ele vestia uma máscara e só conseguia ver seus lindos olhos.... fiquei com medo e respondi:
- Não... estou bem!!! – e me sentei rapidamente segurando minha bolsa e tentando pegar o celular de maneira que ele não percebesse.... mas foi em vão e ele falou:
- Não precisa ficar com medo... não vou fazer nada... apenas queria conversar!! Estou de olho em você desde que chegou a praia!!!
Olhei-o e muitas perguntas rondavam minha cabeça: Mas o que ele quer comigo? Como está de olho em mim? Quem será ele??Será um seqüestrador? Mas não tenho nada....
Continuei a olhar em seus olhos que me hipnotizavam e inspiravam confiança.... não entendia o que sentia naquele momento...era um misto de medo e atração!!!
Então ele resolveu perguntar:
- Você é daqui mesmo?
- N-Não... – gaguejei – e você?
- Também não... estou fugindo...
Antes que ele terminasse de responder, me levantei e comecei a arrumar minhas coisas e ele levantou-se, ficou olhando pra mim assustado perguntando:
- O que aconteceu? O que eu falei?
Não respondi e saí correndo de medo.... não olhei pra trás e fui para o carro. Dei partida tremendo e saí em disparada em direção a casa que eu estava.
Cheguei, desci do carro, corri pra dentro de casa com medo que ele tivesse me seguido e entrei fechando a porta em seguida. Fui pra janela e fiquei espiando se via alguma movimentação.... e não vi nada que demonstrasse que ele poderia ter me seguido. Respirei aliviada e fui tomar água...
O dia passou e fiquei com a lembrança dos olhos dele... aqueles olhos penetrantes... que me encaravam.... senti um arrepio só de lembrar.... os olhos dele eram fascinantes e parecia que estavam me observando naquele momento. Estava divagando em meus pensamentos quando o telefone tocou e eu me assustei. Corri pra atender e era minha amiga Lígia:
- Cassinha (aqui cada uma se coloca no lugar), tudo bem??? É Lígia!!!!
- Oi amiga... tudo sim... e você???
- Tudo... mas porque não foi a praia???
- Eu fui... mas aconteceu um imprevisto e vim embora....
- Ah... mas está tudo bem com você?
- Sim... – dei uma risada – acho que sim!!!
- Não entendi....
- Depois eu te conto... mas por que me ligou?
- Bem... te liguei pra irmos a uma festa de carnaval hoje a noite...Estou com os convites!
- Carnaval???? - falei fazendo careta - Ai Ligia você sabe que eu não suporto carnaval....
- Eu sei... mas este é diferente... é um baile de máscaras!!!!
- Máscaras???? Sei.... – fiquei pensando – parece interessante.... pelo menos eu posso ficar na clandestinidade... - soltei uma gargalhada.
- Ai não acredito Cassinha.... você precisa aparecer mais!! Está sempre isolada....
- Não gosto de tumulto e gosto de ficar na minha!!!
- Mas e então??? Vamos a tal festa?
- Vou.... pode contar comigo!!!!
- Maravilha!!! Por volta das 11 horas eu passo pra te pegar e irmos juntas!!
- Beleza!!! Estarei pronta!!!!
Nos despedimos .e fui me arrumar pra sair na busca de uma fantasia e uma máscara
O centro da cidade ficava próximo da casa e resolvi ir a pé mesmo. A cidade lotada, pessoas atropelavam umas as outras, mas por incrível que pareça eu me encontrava calma e tranqüila sem me estressar.... Andava pelas ruas da cidade, olhava nos olhos das pessoas a fim de tentar reconhecer aqueles lindos olhos verdes penetrantes, mas não encontrei...
Cheguei a loja de fantasias e comecei a procurar nas araras de roupas (https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj2ZCUwkf9QW_1bJIneWzBR2-6kF5mrhClJtl38e9f04C-KwGpEOKQ4o9pjPUQV2X3Gp8aVsRm6FAVIbaAekvLcEDmofwChCM3NqAjTcPswrscspd5wKT-xJ3SQ8gMEfhiHbp1IM_I8eA/s320/arara+de+roupas.jpg ) alguma fantasia que me agradasse e que comportasse uma linda máscara.
Percebi que alguém passou por de mim rapidamente, senti o mesmo perfume do homem da praia, mas não conseguia vê-lo... ele se escondia atrás de outras araras.... andei pro lado onde ele estava mas ele sumia. Voltei a ficar nervosa e peguei a primeira roupa e máscara, corri pro caixa. De lá ficava olhando pra dentro da loja e não o vi mais. Pensei estar ficando louca, tendo alucinações...
Saí da loja, procurei-o e não vi mais nada. Balancei a cabeça e pensei: estou doida mesmo!!! Ri sozinha e voltei pra casa.
Por volta das 11 horas, Ligia bateu na porta. Fui atender e me assustei: ela estava acompanhada do mesmo homem da praia que estava com a mesma máscara. Nossos olhos se encontraram.... senti um frio subir pelas minhas costas.... um frio na barriga e Lígia falou:
- Cassinha.... que arraso!!! Está linda!!!!
Eu não conseguia compreender as palavras dela, estava entretida por aquele olhar.... que me despia. E Lígia continuava:
- Cassinha!!!! O que há com você.... parece que está vendo um fantasma!!!!
- Acho que estou mesmo.... – dei risada – Quem é ele? – perguntei apontando-o.
- Ele quem??? - ela olhava - Você bebeu??? O que está acontecendo com você?????
Por um instante eu caí na real e percebi que ela estava sozinha.... eu havia delirado... Olhei pra Lígia e respondi:
- Desculpe-me.... não sei o que está havendo comigo.... - e contei o ocorrido. Ela me ouviu atentamente e falou:
- Nossa amiga.... precisa tomar cuidado.... esta cidade já não é mais a mesma!!! Ele pode ser um tarado, sei lá!!!
- Seja o que for... preciso ficar esperta... já estou até vendo ele!!!! – dei uma risada tímida.
- Bem... vamos indo... Cláudio está no carro nos esperando e deve estar bravo pela demora.
- Desculpe-me... então vamos!!!
Apaguei as luzes, fechei a porta e fomos para o carro. Entrei já me desculpando e Cláudio respondeu de mau humor:
- Vai adiantar se eu disser que eu não te desculpo???
- Credo Cláudio.... –falou Ligia – Ela estava com problemas... não precisa falar assim!!!
- É que estamos atrasados.... vocês levaram 40 minutos pra sair da casa!
Me assustei quando ele falou 40 minutos... não tinha dado conta do tempo que passou. Cláudio ligou o carro e saímos pra festa.
Chegamos ao local, um rapaz forte mascarado abriu as portas e nos conduziu a entrada da casa. Ligia entregou os convites a recepção e entramos. A casa já estava bem cheia e todos mascarados. Não dava pra reconhecer ninguém. Começamos a andar quando uma pessoa se aproximou e senti novamente o mesmo perfume... meu coração disparou quando ouvi a voz:
- Sejam bem vindos!!! – e ele olhou pra mim.... foi aí que reconheci.... seus olhos.... seu perfume.... achei que meu coração ia sair pela boca. Ele se aproximou, pegou em meus braços delicadamente e falou:
- Vai fugir de novo? – e sorriu.
- Não... não pretendo.... – respondi apavorada e nervosa, mas feliz de ter reencontrado.
Respirei fundo e perguntei:
- O que está fazendo aqui?
- Eu moro aqui... sou o anfitrião... a festa é minha!!!
- Não estou entendendo.... – olhei para os lados, Ligia e Cláudio haviam sumido do meu lado... – Meus amigos te conhecem?
- Não sei!!! – ele sorriu com a boca torta - pode ser que sim... pode ser que não... hoje estamos aqui sem nos mostrar.... apenas pra nos divertir com o oculto...- e sorriu.
Comecei a ficar apavorada... não estava entendendo mais nada.... mas sentia prazer em ficar ao lado dele... era um mistério... Ele deslizou a mão pela minha cintura e me conduziu ao meio do salão.... estendeu as mãos me convidando a dançar e seus braços me envolveram, senti seu corpo quente colado ao meu.... e dançamos....
Eu não ouvia que musica tocava.... seu perfume me deixava extasiada de prazer.... sentia o calor que saia de sua boca em meus ouvidos e balbuciando a musica.... me sentia como se naquele momento não tivesse ninguém no salão.... olhei e não vi ninguém....mas não senti medo.... seus braços deslizavam pela minhas costas pressionando contra o corpo dele... e me sentia envolvida por ele.... dançamos... dançamos.... deslizávamos pelo salão como se estivéssemos flutuando.... me sentia leve.... ele beijava suavemente meu pescoço... suas mãos exploravam meu corpo... até que senti uma dentada e um liquido quente correndo pelo meu pescoço...
Ele olhou nos meus olhos e vi seus caninos enormes com muito sangue e falou:
- Agora será minha eternamente.... – mordeu seu pulso e me fez sugar seu sangue.
Suguei com prazer aquele sangue doce, quente e senti meu corpo se transformar.... meus sentidos ficaram mais aguçados.... mais sensíveis.... minha visão mais clara.
Quando parei de sugar e olhei-o.... ele passou os dedos em minha boca pra retirar o excesso de sangue e retirou a máscara falando:
- Agora não precisamos mais disto.... – e retirou a minha máscara, pousando suas mãos suavemente sobre minha face e acariciando. Continuei a olhar pra ele e perguntei:
- Afinal quem é você????
Ele sorriu ternamente e respondeu:
- Conde Gerard Butler.... Aluguei esta casa e como é carnaval resolvi oferecer esta festa pra que eu pudesse te encontrar. Há muitos anos estou a sua procura... e hoje na praia achei que fosse te perder novamente quando fugiu de mim... nem esperou que eu me apresentasse minha querida Cassinha!!!
- Não me lembro de ter me apresentado....
- Não era necessário.... eu já sabia quem era você! Como eu já disse.... estava a sua procura.... e agora viveremos eternamente...
- Com assim??? Eternamente???
- Sim.... não percebeu o que aconteceu?
Eu me sentia uma tola... estava totalmente atordoada... ele era um vampiro ou era a fantasia??? Minha cabeça rodava e respondi:
- Eu não sei ao certo... estou confusa... não consigo entender o que está acontecendo... eu vim pra uma festa a fantasia, te encontro, agora não vejo ninguém e nem meus amigos... afinal onde estou?
- Vou te explicar... Você está no meu castelo, em Glasgow. A festa que estava foi em outra vida... eu a resgatei novamente, pois todos a tiravam de mim por causa do meu estado...
Enquanto ele explicava cada detalhe, aquela voz rouca me acalmava e eu ia voltando a si... seus olhos penetrantes e quentes... nossos corpos se envolvendo um ao outro.... houve um silencio... nossos olhos se encontraram, nos calamos e nossos corações disparados. Ele começou a desabotoar meu vestido... e a cada parte do meu corpo que se mostrava, era um beijo ardente e sedento... e eu me entreguei aos seus carinhos.... Ele me carregou no colo... me senti voando... levitando.... seus braços macios me envolviam carinhosamente.... Chegamos ao quarto, ele me pousou na cama delicadamente terminando de retirar as minhas roupas e ali deitados juntos, nossos corpos nus e sedentos, nos amamos....
Pela manhã acordei com a impressão que tinha tido um sonho e olhei para o meu lado e lá estava ele... lindo...dormindo... sua respiração suave, tranqüila... sua pele branca... seus músculos relaxados....
Deitei de lado pra ele e comecei a passar as mãos por suas costas.... sua pele arrepiou abrindo o olhos e com um sorriso torto, se virou me puxando pra cima dele... e nos amamos mais uma vez....
Ainda me sentia anestesiada, sem entender muito bem o que estava acontecendo, mas não queria sair daquele momento mágico.... era bom demais estar ali com aquele homem misterioso que me envolvia a cada investida...
Ouvi um barulho alto que me fez acordar.... eram os fogos estourando na parte de fora da casa... olhei e o salão repleto de convidados, meus amigos ali dançando alegremente ao som da orquestra que tocava marchinhas antigas de carnaval. Fiquei assustada... passei a mão em meu pescoço e senti dois buracos em forma de ferida. Corri para o banheiro e não consegui me olhar no espelho.... fiquei apavorada... não estava entendendo mais nada... afinal eu estava sonhando ou aquilo era real?
Senti uma mão macia me envolvendo pela cintura e com a voz rouca em meus ouvidos falou:
- Não se assuste minha lady... com o tempo se acostumará!!!
Me virei rapidamente e era ele me encarando amorosamente... foi quando pude contemplar sua beleza...seus cabelos grisalhos... seus olhos mais verdes e brilhantes. Nos abraçamos e nos beijamos.... um beijo suave e eterno!!!

FIM....


Ainda falando sobre o Encontro...

Desde que terminei de escrever o Encontro Noturno, pensei em contar a voces o que , além do Dracula do Gerry, tinha me inspirado a escrever este conto. Hoje, recebi um recado da nossa amiga Rute, com o nome de uma música que poderia servir como fundo musical para este pequeno romance. Assim, vim aqui hoje para um post curto, mas esclarecedor e ilustrativo.
Sempre fui fascinada pelo personagem Drácula. Quando vi o Gerry Butler encarnando o conde tão sensualmente, apaixonei-me perdidamente. Já tinha feito um ensaio para um conto sobre estas criaturas da noite numa de minhas primeiras fics, "Doce Vampiro". Lá o personagem principal era uma vampira e o Gerry era a sua "vítima", ou quase.
Depois, fiz um vídeo sobre o filme Drácula 2000 para o You Tube. No final de ano, resolvi escrever um conto sobre um vampiro semelhante fisicamente ao Gerry, é claro. A partir daí, comecei a pesquisar sobre o assunto Vampirismo para dar um substrato a estória, pois sempre gosto de citar algo real dentro do que escrevo. Aí, achei a história de Arnold Paole, um soldado sérvio que foi considerado vampiro no início do século 18. Se tiverem interesse em ler sobre ele cliquem no endereço abaixo:


http://www.gothznewz.com.br/magia/vampirismo/famosos.htm


Para complementar, aqui estão o vídeo do You Tube com a música da Colbie Caillat e a tradução da música.


Midnight Bottle (Tradução)
Colbie Caillat

A garrafa da meia-noite leva comigo as minhas
memórias
E tudo volta para mim
A garrafa da meia-noite faz real o que se sente,
como fingir
Então posso ver um pouco mais claramente
Como cada único movimento que você faz para me beijar
Tão cuidadosamente, nos cantos dos meus olhos
sonhadores

Eu tenho uma garrafa da meia-noite, vou bebê-la
Um único bilhete me leva ao tempo que tínhamos antes
Quando tudo parecia tão certo
Se apenas por essa noite
Eu tivesse conseguido uma garrafa da meia-noite
Para aliviar a minha dor
De todos esses sentimentos que estão me deixando
insana
Quando estou com você e está tudo bem
Se apenas por esta noite...

Tivesse uma garrafa da meia-noite sendo levada pela
corrente
Fora da luz da vela, onde posso achá-la em seu tempo
Uma garrafa da meia-noite, eu esqueci como é bom
sentir-se em um sonho
Exatamente como você me tinha
Porque ultimamente eu tenho estado tropeçando
Parece que estou me recuperando
Mas eu acho que é só por esta noite

Eu tenho uma garrafa da meia-noite, vou bebê-la
Um único bilhete me leva ao tempo que tínhamos antes
Quando tudo parecia tão certo
Se apenas por essa noite
Eu tivesse conseguido uma garrafa da meia-noite
Para aliviar a minha dor
De todos esses sentimentos que estão me deixando
insana
Quando estou com você e está tudo bem
Se apenas por esta noite, se apenas por essa noite
Se apenas por esta noite, se apenas por esta noite...

Eu tivesse uma garrafa da meia-noite, vou bebê-la
Um único bilhete me leva ao tempo que tínhamos antes
Quando tudo parecia tão certo
Se apenas por essa noite
Eu tivesse conseguido uma garrafa da meia-noite
Para aliviar a minha dor
De todos esses sentimentos que estão me deixando
insana
Quando estou com você e está tudo bem
Se apenas por esta noite, sim
Garrafa da meia-noite, leva o tempo para longe
Para sempre seremos...

E como não resisti a tentação, deixo um outro vídeo. Apreciem com moderação...



PS: Confesso que esta foi a música que me inspirou durante a criação da estória do Stefan e da Sophia... ("Lost in You", das Sugababes)

Desta maneira, encerro esta postagem, aproveitando para agradecer aos carinhosos comentários de minhas amigas querida. Beijos a todos!

F E L I Z D I A I N T E R NA C I O N A L D A M U L H E R

6 de mar. de 2009

Encontro Noturno

Capítulo Final


Sentia as pálpebras pesadas e certo desconforto . Lembrou do sonho. Parecera tão real... Com muito esforço conseguiu abrir os olhos. Estava num quarto, envolto em penumbra. Aos poucos foi conseguindo definir alguns detalhes do local. Estava deitada em uma cama enorme, coberta por um dossel de madeira escura, de onde desciam cortinas de veludo vermelho. As janelas aparentemente estavam fechadas e cobertas por um acortinado semelhante ao da cama. Parecia um daqueles dormitórios antigos, que podiam ser vistos em filmes do século XIX. Havia um perfume conhecido seu no ar. Sua cabeça parecia pesar uma tonelada. Mal notou quando uma figura masculina levantou-se de uma poltrona que estava colocada discretamente ao lado de seu leito. Assustou-se ao sentir aquela presença, mas logo seu temor esvaneceu-se ao ver o rosto conhecido de Stefan, que a mirava com ar preocupado e circunspecto.
_ Como está se sentindo? – perguntou em voz baixa.
_ Stefan...Onde eu estou? O que aconteceu? Que lugar é este?
_ Calma...Não se agite. Você precisa se recuperar do trauma que sofreu.
_ Como assim? Que trauma? Não lembro de nada.
_ Não lembra do acidente?
_ Acidente? – Ela tentava sondar sua mente para descobrir sobre o que ele estava falando, mas seus pensamentos estavam confusos.
Ele sentou-se ao seu lado na cama, colocando a mão sobre sua testa e acariciando seus cabelos, olhando-a com ternura.
_ Você foi atropelada há três dias.
_ O quê?
_ Foi depois que você saiu da galeria.
Aos poucos algumas imagens foram voltando à memória de Sophia.
_ Sim...acho que lembro. Eu fui levar os contratos para você assinar e...Conheci o seu irmão e saí. Estava chovendo e... – ela acabou por lembrar-se da cena que a deixara abalada no centro comercial. Seu rosto anuviou-se.
_ Você saiu correndo e atravessou a rua sem ver que o sinal para pedestres estava fechado.
_ Sim... Lembro de ter sentido um baque e depois ...mais nada.
_ Por sorte, Dimitri resolveu segui-la.
_ Dimitri?
_ Sim. Ele ficou preocupado com a má impressão que provocou em você e queria conversar para desfazer o mal entendido, por causa de Caroline. Infelizmente ele não chegou a tempo de evitar o acidente. Ele só conseguiu trazê-la para cá para tentar salvá-la do pior.
_ Pior? Mas eu me sinto bem, apesar de certa dor de cabeça e alguma dor no corpo. Afinal, o carro deve ter me pego só de raspão.
Enquanto ela falava, tentava mexer os braços e as pernas. Parecia que tudo estava no lugar.
_ Fico feliz que você esteja se sentindo tão bem assim.
_ Stefan, estou ficando assustada. Afinal, que lugar é este e porque estou aqui.
_ Você está na minha casa.
_ Por quê? Se o acidente não foi grave , eu deveria estar em minha casa.
_ Você ficou bastante ferida e veio para cá para eu poder tratá-la da melhor maneira possível.
_ Como assim? Que eu saiba você é pintor, arquiteto...Também é médico? – ela não sabia o que pensar daquela situação. Tentou levantar-se da cama e reparou que estava sem suas roupas. Olhou para ele envergonhada e viu que ele sorria de seu constrangimento.
_ Stefan, eu quero saber o que está acontecendo. Preciso de minhas roupas. Preciso avisar a Caroline, o...
_ Não se preocupe. Já está tudo resolvido e todos avisados. Até aquele canalha do seu noivo. Aliás, ele deve estar amargamente arrependido de ter magoado você – Enquanto falava com ela, levantou-se e foi até um armário de onde retirou um robe de seda preto com um P bordado em fio vermelho para oferecer a ela. Virou-se de costas, ainda sorrindo, e permitiu que ela o colocasse.
_ Stefan, por favor...
_ Por favor, vista-o – falou com carinhosa autoridade – Você não está com fome?
_ Não, não estou.
Sophia levantou-se e conseguiu vestir o robe sem grandes dificuldades. Sentiu uma leve tontura.
_ Então, venha comigo. Quero mostrar-lhe o meu atelier. Tudo vai ser explicado ao seu tempo. Está pronta?
_ Sim. Pode se virar...
Ele virou-se a tempo de segurá-la nos braços, antes que ela caísse ao chão.
_ Você ainda está muito fraca. Logo terá que alimentar-se. Acha que consegue caminhar?
_ Sim, acho que sim – respondeu, enquanto segurava-se firmemente ao braço de Stefan. Apesar de sua apreensão devido ao discurso evasivo dele, sentia-se segura naqueles braços.
Lentamente, ele a foi guiando para fora do quarto.
Era uma grande casa antiga, provavelmente restaurada, com decoração sóbria e requintada. Encontravam-se no segundo andar, pois podia ver, no final do corredor em que estava, o início de uma suntuosa escada. Mas não desceram. Atravessaram uma porta, quase em frente à escadaria, que os levou a uma espécie de sótão. Para surpresa de Sophia, era o mesmo salão que ela vira em seu último sonho. Começou a duvidar que aquilo tivesse acontecido apenas em sua imaginação. Um leve tremor percorreu-lhe o corpo. A chaise long, o telhado de vidro mostrando o céu, agora límpido , mas já antevendo o final do dia.
Lá também estava um lugar reservado para o artista pintar suas telas, com o cavalete, algumas telas em branco empilhadas em um canto e as diversas tintas e pincéis sobre uma pequena mesa de madeira clara. Levou-a até um grande painel, onde se encontravam pendurados vários quadros com os mais diferentes motivos.
Começou a observar as datas dos quadros, bem como as assinaturas dos responsáveis. Várias levavam a assinatura “Paole”, com datas entre 1870 e 1880.
_ Você tinha um avô com mesmo nome que o seu e que também era pintor? Que interessante – dizendo isso, notou que Stefan abriu um sorriso lacônico.
Foi então que seu olhar deteve-se em um deles, pois ficou intrigada com a semelhança entre a jovem retratada e ela. Não era possível que Stefan a tivesse pintado sem que ela soubesse. Além do mais, a moça estava vestida com trajes do final do século XIX e a obra certamente havia sido realizada na mesma época.
_ Quem é ela? – perguntou com certo medo da resposta que ouviria.
_ O nome dela era Serena.Você também notou a semelhança?
Ela teve de segurar-se com mais força ao braço de Stefan, pois a tontura insistia em voltar. Teve medo de cair, quando o olhou e viu que ele não apresentava nenhum sinal de que estivesse brincando.
_ Venha...É melhor se sentar para ouvir o que vou lhe contar – Sophia passou a ouvir boquiaberta a história fantástica de Stefan.
_ Eu a conheci em Praga, em 1870, em um baile num dos castelos da região. Fiquei encantado com a sua beleza. Dançamos durante toda a noite e terminamos apaixonados um pelo outro. Eu nunca havia sentido nada igual antes. Foram seis meses de sonho e encantamento, que me tiraram da escuridão em que eu vivia até então. Foi nessa época que resolvi dedicar-me mais intensamente à arte de pintar. Só que o destino não permitiu que ficássemos mais tempo juntos. Uma infecção pulmonar a tirou de mim. Na época, a medicina começava a ensaiar alguns passos. Por muito tempo carreguei a culpa de não a ter salvado.
_ Stefan...Que história é essa? Como você poderia ter vivido em 1870? Você está brincando comigo? – disse incrédula.
_ Sophia, eu não sou um homem comum. Eu preferia contar-lhe este fato mais tarde, quando já tivéssemos nos conhecido melhor. Mas o seu acidente precipitou tudo. Eu faço parte de um grupo de pessoas a quem vocês costumam denominar de...vampiros.
_ Vampiro? – ela riu nervosa. Não sabia o que pensar ou dizer – Pare com essa bobagem, Stefan. Não estou achando graça nenhuma.
_ Minha história não tem nada de engraçada, Sophia. Apenas escute, por favor.
Diante da expressão séria e suplicante de Stefan, ela concordou em ouvi-lo.
_ Em torno de 1700, um soldado sérvio chamado Arnold Paole teve um encontro infeliz com elementos pertencentes a um clã de vampiros. No meio do campo de batalha os seres atacavam aqueles soldados com ferimentos graves e que certamente não sobreviveriam. O líder deles atacou Arnold, mas deixou-o sem certificar-se de sua morte. Arnold o seguiu, pois queria sobreviver para poder encontrar sua noiva que deixara em sua cidade natal. Sabia que só poderia sobreviver se também sorvesse o sangue do vampiro. Conseguiu encontrá-lo, alcançar seu objetivo e destruir o seu algoz. Sentindo suas forças renovadas, voltou para casa. Ao chegar lá, percebeu que se tornara um deles, pois seu apetite não era mais por alimentos comuns aos humanos. Tentou resistir a “fome” que o dominava, mas não conseguiu. Passou a ter medo de “contaminar” sua noiva, a quem amava muito. Além disso, os aldeões vizinhos começaram a desconfiar de sua presença devido às inúmeras mortes por grandes perdas sanguíneas que estavam acontecendo depois de sua chegada. Por isso decidiu fugir de seu país. Contou tudo a sua amada, para explicar sua fuga, e partiu para o sul. Só não sabia, ao partir, que ela estava grávida de um filho seu. Foi para a Grécia, pois ouvira falar que lá havia várias comunidades de “pessoas” como ele. Decidira lutar contra aquele impulso assassino e encontrar uma maneira menos terrível de viver. Lá ele teve um filho, Dimitri. Passados 16 anos depois de sua fuga, resolveu voltar ao seu país de origem para rever sua noiva. Ao chegar lá soube que ela tinha morrido alguns meses antes e que deixara um filho. Ao vê-lo e sabendo de sua idade, teve certeza de que ele era seu.
Neste ponto, Sophia entorpecida com a narração de Stefan, conseguiu perguntar:
_ Este filho era você?
_ Sim... Ele contou que era meu pai e que queria levar-me junto com ele para a Grécia. Queria que eu tivesse uma nova família. Como eu não tinha nada a perder, parti em sua companhia.
_ Mas você já era um vampiro? – ela não acreditava que pudesse estar fazendo aquela pergunta.
_ Não completamente. Eu era um rapaz franzino. Não conseguia alimentar-me direito. Parecia que tudo me fazia mal. Quando meu pai me contou sua verdadeira história, consegui entender o motivo. Eu tinha a herança dele correndo em minhas veias, mas não o suficiente para a transformação completa. Imagine um adolescente encontrar um meio de ser eterno e poder ter controle sobre os outros, principalmente tendo um meio irmão com este domínio. Supliquei a meu pai que completasse a transformação. Com relutância ele aceitou meu pedido. Mais um motivo foi criado para que ele persistisse em seus estudos para conseguir um alimento artificial. Até lá, o clã, do qual meu pai tornara-se líder, tinha de continuar satisfazendo sua fome com sangue humano. Para isso, Arnold instituiu que cidadãos seriam raptados por curtos períodos para que doações de sangue involuntárias fossem feitas. O sangue era conservado da melhor maneira possível e as pessoas eram devolvidas às ruas com um pequeno ferimento no braço. Eram hipnotizados para que não se lembrassem de nada e continuavam suas vidas tranquilamente. Acabara a matança. De adolescente passei a adulto. Queria conhecer o mundo. Por isso parti para Praga, um magnífico centro cultural na época. Fiz meus estudos de arquitetura e comecei a pintar nas horas vagas. A cidade era extremamente inspiradora para os amantes da arte como eu. Foi então que conheci Serena. Quando a perdi, passei a julgar-me culpado por sua morte. Passara tantos anos controlando o instinto animal de alimentar-me de humanos da forma tradicional, que hesitei em salvá-la daquela maneira, que seria a única. Foi um período de muita revolta contra minha origem, contra meu pai e minha “família”. Resolvi seguir afastado do clã mantendo-me saudável da mesma maneira que na Grécia. Ganhei dinheiro como arquiteto e em vários outros tipos de negócio. Os anos, as guerras, os políticos, os amigos e os inimigos passavam por mim, desapareciam, e eu continuava minha jornada. Nem sempre isso é agradável.
Sophia sentiu nova tontura e ele teve de deitá-la na chaise long.
_ Querida, sei que tudo isto que estou contando deve ser terrível para você, mas eu preciso que você compreenda o que está acontecendo e me perdoe pelo que fiz.
_ Continue, Stefan. Continue – pediu-lhe, começando a entender a angústia de Stefan.
_ O comunismo chegou a Tchecoslováquia, como se denominava o país então. Continuei meu trabalho, minhas viagens pelo mundo, adquirindo conhecimentos, aprimorando minhas técnicas de pintura. Quando a abertura se deu, passei a expor minhas novas telas em várias capitais da Europa e o sucesso aconteceu. Passei a ser um artista de renome. Nesta mesma época, meu pai finalmente descobriu o sangue artificial. A partir de então, uma nova época se iniciou para nosso clã. Ele conseguira completar a obra de sua vida. Mandou Dimitri a minha procura. Voltei à Grécia e apazigüei a alma e as relações familiares, para regozijo de Arnold Paole. Apesar de tudo, não queria ficar preso àquele lugar. Eu me tornara um homem do mundo. Há três anos passei a me interessar pelo Brasil, seu povo, sua cultura. Pensei em ficar aqui algum tempo, montar a galeria e deixar a marca de minha passagem. A arte passou a ter um lugar muito importante dentro de mim, pois através dela eu pude exorcizar meus demônios. Vim para cá há um ano e comecei a realizar meus planos. Foi quando eu a vi... Mal podia acreditar quando a vi caminhando pela rua, num início de noite a alguns dias atrás... Também vi o bandido que a seguiu até o beco para assaltá-la.
_ Foi você que me salvou naquele dia? – ela mal podia acreditar no que estava ouvindo – O que você fez com aquele miserável?
_ Nada. Só mostrei os caninos para ele e lhe dei uma bela surra. Depois o joguei dentro de um banco, segundos antes da polícia fazer a sua visita de rotina para verificar a segurança do lugar. Ele deve estar até agora tentando explicar como foi parar dentro da caixa forte do banco. Duvido que eles acreditem que foi um vampiro que o deixou lá.
Sophia não pode deixar de sorrir, imaginando o susto que o nojento deve ter levado e admirando o senso de humor de Stefan.
_ Que bom ver o seu sorriso novamente, Sophia... – dizendo isso, levou sua mão até a face dela, fazendo-lhe uma carícia na linha do queixo.
_ Eu ainda estou pasma diante de tudo isto que você me contou. É inacreditável. Eu não sei o que dizer.
_ Depois daquela noite, procurei saber quem era você e dei um jeito de procurá-la. O resto você já sabe.
Stefan notou uma sombra no rosto de Sophia.
_ Eu sei que é terrível conhecer a verdade sobre mim assim tão cedo. Você tem todo o direito de me odiar ou sentir asco pelo que eu sou. Eu entenderei qualquer um destes sentimentos.
_ Não é isso, Stefan. Estou assustada com tudo isto, mas o que mais me incomoda é saber que você estava pensando em outra pessoa quando tentava me seduzir – sua voz era trêmula e as lágrimas começavam a querer surgir.
_ Não! – ele exclamou – É você, Sophia, que eu quero. Ninguém mais. Serena ficou no passado. Não vou mentir. No início a semelhança surpreendente entre vocês me atraiu, mas depois eu a conheci. O seu modo de ser, de falar, de olhar, mostrou uma outra mulher, desconhecida, por quem fiquei, pela segunda vez na vida, perdidamente apaixonado. A semelhança tornou-se secundária – sua voz foi abrandando à medida que abria seu coração – Por isso fiquei desesperado quando a vi nos braços de Dimitri, praticamente morta, com uma hemorragia interna que dificilmente o melhor dos cirurgiões conseguiria deter. Foi então que, lembrei de minha hesitação com Serena. Mais uma vez eu tinha a mulher que eu amava cercada pela morte. Não pensei duas vezes. Eu tinha esse poder em minhas mãos e não deixaria você partir. Eu a “contaminei”...
_ O meu sonho... Aqui neste atelier...Nós dois nos amando...
_ Em parte foi um sonho. Um sonho compartilhado por mim também. Eu penetrei em sua mente e a fiz minha na sua imaginação e no seu desejo. A parte final do seu sonho é que foi a real. A dor que você sentiu foi real. Mas você ainda tem uma escolha, Sophia. Se não quiser se tornar uma...alguém como eu, entenderei e não finalizarei o ritual de sua transformação para viver a imortalidade.
_ Eu poderia viver para sempre com você? – sua voz tornava-se ainda mais fraca.
_ Sim...
_ Você seria capaz de me amar por tanto tempo assim?
_ Não tenho dúvida alguma sobre isso, meu amor...
Consumindo suas últimas forças, Sophia ergueu-se e passou os braços em torno do pescoço de Stefan, oferecendo seus lábios ao homem que amava.
_ Então me salve e me faça sua para sempre, como você prometeu em todos os meus sonhos.
Stefan sorriu e a enlaçou nos braços, correspondendo com um beijo apaixonado. Ao sentir que ela já estava fraca demais para manter-se acordada, abriu sua camisa e fez um pequeno e profundo corte em seu peito, deixando uma pequena quantidade de sangue a correr. Aproximou a cabeça de Sophia do talho e disse emocionado:
_ Mate a sua sede em mim. De agora em diante seremos um só, por toda a eternidade.
Logo, ela começou a sentir a vida, o calor e todos os sentidos antes enfraquecidos voltando aos poucos. Abriu os olhos e pode ver a rápida cicatrização do ferimento de Stefan. Agora o tinha junto a si de verdade. Nada de sonhos. O desejo começou a apoderar-se dela. Sentiu que ele compartilhava da mesma forma este sentimento. Pode perceber isto quando ele voltou a beijá-la e começou a despi-la de seu robe. Enquanto ela o esperava deitada nua sobre a chaise, ele levantou-se para despir-se também de suas roupas. O cenário era o mesmo de seu sonho. A lua e o céu estrelado, acima dos corpos nus, penetravam através da vidraça no telhado inundando com uma luz magicamente prateada o grande salão. Encantado com a visão das curvas de Sophia à luz do luar, Stefan ajoelhou-se ao lado dela, percorrendo sua pele alva com os olhos e com suas mãos espalmadas, provocando um eriçar de todos os pelos de sua amada. Ela gemia, antevendo o deleite de ser possuída por ele. Também queria tocá-lo, senti-lo, cheirá-lo e abraçá-lo, fundindo seu corpo ao dele. Fechou os olhos exultando diante de seus beijos cálidos e doces, que iam do ventre, subindo lentamente até os seios, onde se deteve nos mamilos túrgidos, acariciando-os com a ponta da língua, enlouquecendo-a de prazer, fazendo-a agarrar-se aos revoltos cabelos negros, afagando-os e puxando-o ainda mais contra seu peito. Os beijos continuaram pelo seu pescoço, enquanto ela o abraçava, podendo perceber toda a sua musculatura rija sob a pele macia. Então ela pode ver que, excitado como estava, além de sua virilidade entre as musculosas coxas, seus caninos aguçados também se tornavam aparentes. Mas ela não tinha mais medo. Isso só a excitava ainda mais. Ele deitou-se sobre ela e a penetrou, com cuidado, em movimentos lentos que foram tornando-se aos poucos mais rápidos e vigorosos, levando-os ao êxtase completo, entre gemidos e respirações ofegantes.
Depois de tudo, permaneceram abraçados, compartilhando um repouso prazeroso e relaxante.
Naquela noite ainda, amaram-se mais algumas vezes, até abrandarem seu desejo e caírem exaustos, em sono profundo, ao raiar do dia.


Aos poucos, tudo começou a voltar ao normal. Sophia passou a morar na mansão de Stefan, mas continuou a frente da campanha publicitária para promoção da Galeria Paole. Separou-se de Paulo amigavelmente. No dia em que o encontrou, viu o olhar amedrontado do antigo companheiro e a fala titubeante, fazendo-a pensar no que Stefan teria feito para deixá-lo tão manso, diferente do sujeito arrogante que ele era antes. Talvez um dia pedisse a ele que contasse. Um dia... No momento, não a interessava nada relacionado àquele crápula. Tampouco quis ouvir as suas explicações sobre o que o levara a traí-la. Paulo já era um passado aplacado e esquecido.
Quanto ao “temível” Dimitri, mostrou-se realmente apaixonado por Caroline. Ele a vira no dia em que estava seguindo Sophia. Queria saber quem era a responsável pela decisão de Stefan de ficar no Brasil, indo contra a vontade de Arnold. Apesar de querer muito ser o preferido do velho Paole, e ter algumas diferenças com o irmão romeno por ciúmes, obedecia ao pai cegamente. Foi ao vê-la conversando com a simpática e falante ruiva, que ele mudou seu foco de interesse e terminou por procurar Carol para conhecê-la melhor, esquecendo seu objetivo inicial.
As mágoas de Dimitri acabaram por serem dissolvidas quando Stefan recusou o lugar que Arnold lhe reservava na Grécia, para assumir o seu povo. Dimitri retornaria à Santorini, voltando de mais aquela missão ordenada pelo velho sérvio, levando a resposta negativa de seu meio-irmão e uma carta exigindo o reconhecimento dele como legítimo herdeiro.
Quem estava sofrendo com tudo isso era Carol, que estava cada vez mais apaixonada pelo seu “deus grego”, como gostava de chamá-lo. Ela já sabia da verdadeira ascendência dele. Assustou-se um pouco no início, mas acabou aceitando, por colocar o amor acima de tudo. Ainda debatia-se com a dúvida de ser transformada ou não. Ao final, acabou por acompanhar Dimitri na volta à Grécia. Seria como um período de férias, mas gostou tanto de lá, que decidiu mudar-se e tornar-se definitivamente a primeira dama do clã de vampiros gregos.
Passados alguns meses, Caroline acompanhava pela Internet as páginas sociais de São Paulo, em elogios incansáveis ao “mais novo casal, composto pelo elegante pintor Stefan Paole e sua adorável esposa Sophia Caselli, que surgia recepcionando seleto público no mais novo sucesso cultural da capital paulista, a Galeria Paole”.


FIM










Espero que tenham gostado. Acho que teriam mais detalhes a contar mas achei que ficaria muito cansativo para uma fic. Vou deixar algumas fotos dos irmãos Stefan e Dimitri para o deleite de todas. Comentem, critiquem e dêem sugestões. Beijos!!






DIMITRI






DIMITRI, "O DEUS GREGO" DE CAROL



E O NOSSO FAVORITO, STEFAN


3 de mar. de 2009

Encontro Noturno

Capítulo 7


Chegou à galeria em torno de 16 horas. A porta estava entreaberta. Para sua surpresa uma bonita loura, de olhos azuis, vestida elegante e discretamente, veio ao seu encontro para recepcioná-la. Apresentou-se como a nova recepcionista da Galeria Paole. Parece que Stefan resolvera seguir o seu conselho.
_ O senhor Paole está? – perguntou, procurando vagamente pela presença dele.
_ Não...Ele esteve aqui pela manhã e saiu logo em seguida, dizendo que ia para casa, pintar em seu atelier. Ficou de voltar mais tarde, mas não disse o horário. A senhorita tinha hora marcada com ele?
_ Não...não... – Sophia sentiu-se decepcionada com aquela ausência. Talvez devesse ter ligado para combinar. Havia sido muito infantil achando que o surpreenderia com sua presença. Talvez ela não fosse tão importante assim para ele – Não marquei hora...
_ Que tal aguardar um pouco, tomar um cafezinho... Ele disse que voltaria.
_ Não sei, não... Olhe, eu vou deixar estes papéis com você para que ele assine. São os contratos da agência publicitária que prometi a ele de trazer hoje. Não há pressa. Assim que estiverem assinados, é só avisar que mando buscar.
Mal terminou a frase, notou que a moça olhou na direção do escritório de Stefan com expressão assustada. Logo pode ouvir uma voz masculina, grave e com um sotaque estranho.
_ Pode deixar, Melina. Eu faço companhia para a senhorita Sophia.
Sophia virou-se, tentando lembrar se havia dito seu nome para a recepcionista. Achava que não. Foi então que se deparou com um homem de boa aparência, pele clara, cabelos castanhos claros, revoltos, um pouco mais baixo que Stefan, de olhar firme e tão intenso quanto seu cliente. Melina retirou-se imediatamente. Parecia ter medo dele.
_ Deixe que eu me apresente – dizendo isso, aproximou-se dela vagarosamente – Meu nome é Dimitri. Sou irmão, isto é, meio-irmão de Stefan. Não creio que ele tenha falado de mim.
_ Não...De qualquer forma, muito prazer, senhor... – falou, estendendo sua mão para cumprimentá-lo e pensando na coincidência do nome.
Ele pegou em sua mão, segurando-a com força, demoradamente. “Mais um Paole charmoso”, pensou Sophia.
_ Meu nome é Dimitri Vrykolaka – continuou sua apresentação, dando ênfase ao seu sobrenome, diferente de Paole.
_ Bem, senhor Vr...Dimitri. Foi um prazer conhecê-lo, mas como eu estava falando para a ...Melina? ... – olhou para a mesa onde ficava a recepcionista – Eu já estava de saída.
Ele aproximou-se mais rapidamente dela, barrando-lhe a passagem para a saída.
_ O que é isso... Por favor, fique. Gostaria de conversar mais com você.
Sophia começou a ficar angustiada com o modo como Dimitri a olhava e a cercava.
_ Realmente, eu tenho de ir.
_ Venha até o gabinete. Lá poderemos conversar melhor a respeito de nós, Stefan e ...Caroline.
_ Então é você?
_ Dimitri! – a voz de Stefan se fez ouvir como uma trovoada ecoando pelo espaço amplo da galeria.
_ Ora, se não é o meu irmão mais velho! Estava tentando fazer companhia para a senhorita Sophia enquanto o aguardávamos – continuava ele, com expressão zombeteira.
_ Muito obrigada, mas já estou aqui e gostaria que você nos deixasse a sós...Por favor – disse Stefan, autoritariamente.
Dimitri olhou Sophia de alto a baixo e disse:
_ Como desejar, irmãozinho. Você tem muito bom gosto.
Stefan lançou-lhe um olhar cortante, cheio de censura, passou o braço em torno dos ombros de Sophia e, levando-a para o gabinete nos fundos da galeria, ameaçou em voz alta:
_ Mais tarde conversaremos, Dimitri.
_ Perdoe meu irmão. Às vezes ele pode ser bem desagradável.
_ Estou surpresa com a coincidência...
_ Coincidência? – Stefan ficou curioso – Que tipo de coincidência?
_ O seu irmão conheceu a minha sócia, Caroline, ontem e parece que ele a impressionou muito bem. Porém, o modo como ele me tratou me deixou preocupada por ela.
A expressão de Stefan ficou perturbada , mas continuou falando com voz segura:
_ Não se preocupe. O problema dele é comigo. Coisas de família. Eu vou falar com ele. Tenho certeza que não fará mal a sua amiga.
_ Espero que não. Ela é uma pessoa maravilhosa e não merece ser magoada.
Após alguns segundos de silêncio, Stefan o rompeu indagando:
_ Trouxe os contratos? Fico feliz por ter sido você a trazê-los e não um funcionário qualquer.
_ Parece que você já contava com isso ao despedir-se de mim ontem à noite.
_ Talvez... Ou talvez eu tenha desejado tanto revê-la que meus pensamentos a tocaram de alguma forma fazendo-a vir até aqui.
_ Stefan, eu queria lhe pedir para que parasse de me falar estas coisas. Você sabe que sou noiva, praticamente casada. Fica difícil eu trabalhar com alguém que fica tentando me seduzir o tempo todo.
_ Pois para mim fica difícil ficar perto de você e não sentir o que sinto. Sei que você também não é indiferente a mim – ele a olhava dentro de seus olhos, quando sua mão tocou a dela.
Ela não fugiu daquele toque, assim como não podia fugir daquele olhar.
_ Stefan...
_ Não precisa falar nada. Só quero poder continuar a vê-la.
Sophia não conseguia mais esconder seu desejo pelo homem a sua frente.
_ Eu preciso falar sim. Desde que o conheci tudo que eu já considerava como certo na minha vida virou de cabeça para baixo. Tenho pensado muito em você. Estou passando por uma situação muito difícil no meu noivado e vou ter de resolver isto antes de pensar em outro relacionamento. Espero que você me entenda e tenha paciência.
Ele segurou seu queixo com extrema delicadeza, fazendo-a olhar diretamente em seus verdes olhos, e disse com voz firme e expressão muito séria:
_ Tenho toda a paciência do mundo. O tempo para mim não é problema.
Aproximou-se dela, lentamente aproximando seus lábios, terminando em um beijo cálido e apaixonado, que a fez estremecer, tal e qual em seus sonhos.
Quando finalmente ele se afastou, Sophia recompôs-se e, com a fala quase sumida, conseguiu articular:
_ Tenho que ir, Stefan – disse ,sentindo os olhos ficarem marejados.
Ele apenas concordou com a cabeça e a deixou ir.
No caminho para a rua cruzou pela figura imponente de Dimitri, que a olhava pensativo.

Ficou andando sem rumo pelas ruas da cidade, com emoções confusas, magoada pela traição de Paulo, com medo daquela paixão emergente e intensa por um quase desconhecido...Stefan... Não notou os pingos de chuva de final de tarde de verão. Logo a precipitação aumentou, obrigando-a a entrar numa galeria. Enquanto esperava a tormenta passar, seu olhar perdeu-se no interior do pequeno shopping até que parou diante de uma cena que a deixou sobressaltada. Jamais imaginou que o pegaria numa traição duas vezes num só dia. Parece que o destino lançava suas cartas para que ela não tivesse dúvidas de qual seriam seus próximos passos. Em frente à caixa registradora de uma cafeteria, provavelmente aguardando seu troco, encontrava-se Paulo, abraçado com a mulher da foto que vira em seu celular pela manhã. Beijava-a apaixonadamente, como nunca a beijara antes. Logo ele que sempre falou mal das pessoas que faziam este tipo de demonstração pública. Estava sem reação, quando percebeu que Paulo a tinha visto e que falava alguma coisa para a acompanhante. Logo ele se pôs a caminhar em sua direção. Ao se dar conta disso, Sophia começou a correr desesperadamente para a rua, onde o temporal continuava intenso. Não queria falar com ele naquelas condições. Ainda olhou para trás ao ouvir seu nome à distância, mas não viu ninguém. Provavelmente ele desistira de segui-la. As grossas gotas de chuva misturavam-se às suas lágrimas, impedindo sua perfeita visão. Sentia-se humilhada e enganada. Não havia mais só uma suspeita. Já havia feito seu julgamento e o veredicto. Foi neste momento que aconteceu a freada brusca de um carro. Sophia foi jogada pelo impacto no meio da rua. Sua visão escureceu e não viu mais nada.


Ouviu seu nome. A voz era sua conhecida. A voz rouca e inebriante de Stefan. Sentiu um calor envolvendo-a. Ela estava de pé, num lugar desconhecido. Olhou para cima e viu a grande lua cheia rodeada por estrelas sobre sua cabeça. Parecia estar em um grande salão coberto por um telhado de vidro que lhe desvendava aquela visão belíssima da noite. No momento seguinte, sentiu que Stefan aproximava-se dela, sussurrando o seu nome, muito próximo ao seu ouvido. Podia sentir a respiração dele roçando seus cabelos. Sua presença aquecia sua alma, acalmava sua mente, fazendo-a esquecer de todos os momentos ruins que vivera nas últimas horas. Uma onda de desejo começava a crescer dentro dela, rompendo a timidez e a racionalidade. As mãos fortes passaram a acariciar-lhe os seios, excitando seus mamilos. Só então se deu conta. Estava nua. Seria este mais um daqueles sonhos noturnos que andava tendo? As mãos continuavam seu trabalho de reconhecimento pelo corpo de Sophia. Ela podia sentir o corpo dele atrás de si, provocando sensações de prazer inigualáveis, nunca antes sentidas. Pode perceber, então, que ele também se encontrava desprovido de qualquer peça de roupa. Ela desejava ver o corpo daquele homem que tanto a excitava e para isso virou-se lentamente, todos seus músculos vibrando com intensidade . Lá estava ele. Forte, viril, com seu rosto másculo, de queixo partido e aqueles olhos verdes claros e brilhantes que a fascinavam. Era uma visão de perder o fôlego. Ele também parecia muito excitado. Passou a abraçá-la com mais intensidade, apertando-a contra si, agarrando suas nádegas. Os lábios trêmulos deslizavam em sua face, suas orelhas, seu pescoço... Por um momento, ele parou de beijá-la, tentando esconder o rosto.
_ Não pare, Stefan. Por favor ...Eu te quero agora. Quero ser sua...para sempre.
Foi então que ele a ergueu nos braços e a levou para um canto do salão, onde havia o que parecia ser uma chaise long. Ali a deitou com suavidade. Naturalmente, ela abriu as pernas para acolhê-lo. Sentiu-o penetrar em suas entranhas vigorosamente, com urgência, enquanto as mãos acariciavam seu corpo com sofreguidão, e a boca beijava com ardor a tênue curvatura de seu pescoço, provocando mais sensações orgásticas. De olhos fechados, gemendo alto, repentinamente sentiu uma forte dor no colo, como se ferro em brasa a perfurasse, para logo em seguida uma onda de relaxamento tomasse conta de tudo, sem aperceber-se do fio de líquido quente escorrendo por sua nuca. Ainda pode ouvi-lo murmurando:
_ Agora você será minha... para sempre...





Desculpem a hora da postagem, mas é que o Stefan não consegue me largar mais cedo. Ele é impossível...hehehe... Beijos, meninas. Comportem-se até a continuação...

2 de mar. de 2009

Encontro Noturno

Capítulo 6


O despertador de seu celular acordou-a rapidamente. Paulo ainda dormia. Tomou uma chuveirada rápida, só para despertar, arrumou-se e foi preparar o café. Paulo surgiu na cozinha, com os olhos inchados e o cabelo desgrenhado.
_ Bom dia. Pelo que vejo, parece ter-se recuperado bem do mal estar da noite passada.
_ Bom dia. Tem razão. Estou me sentindo muito bem. Acabei de fazer café. Vai tomar agora?
_ Não. Vou trabalhar um pouco até a hora da reunião. Tomarei o café depois. Não se preocupe comigo.
_ Bem, vou andando. Estou cheia de trabalho me aguardando na agência. Encontramo-nos à noite, então?
_ Sim. Vai querer sair para jantar?
_ Não se preocupe. Comprei uns congelados ótimos de comida caseira. Não serei eu a cozinheira hoje.
_ Não falei por isso – ele tentava disfarçar seus motivos.
_ Eu sei...Eu sei – disse sorrindo, depositando um beijo rápido nos lábios dele e saindo rapidamente em direção à sala, onde pegou sua bolsa e saiu para a rua.

Já estava chegando a sua sala, quando o celular tocou dentro da bolsa. O visor mostrava que o chamado vinha do seu próprio aparelho. Ela havia pegado por engano o de Paulo.
_ Alô, Sophia? Você pegou o celular errado de novo.
_ Não tenho culpa se compramos o mesmo modelo.
_ Vou passar aí para pegá-lo agora.
_ Porque agora? Deixa para buscá-lo quando você tiver que ir a tal reunião.
_ Não. Eu preciso dele para dar alguns telefonemas cujos números estão gravados na agenda.
_ Não quer que eu os leia para você?
_ Não! – ela ficou surpresa com a negativa explosiva de Paulo – Não precisa se preocupar em procurar nada aí. Deixe que eu o pego daqui a pouco.
_ Está bem. Eu te espero. Traga o meu, por favor.
_ Claro! Tchau!
_ Oi! O que houve? – perguntou Caroline, que chegara enquanto Sophia ainda estava ao telefone.
_ Oi, Carol! Era o Paulo. Eu troquei os celulares novamente. Ele vai passar aqui para destrocarmos.
_ Algum outro problema? Você fez uma cara estranha antes de desligar.
_ Nada... Bobagem minha....
_ Me deixa ver este celular. Você nunca fica curiosa em ver os telefonemas que ele recebeu ou digitou? Tem mulheres que vivem fazendo isso para controlar os maridos.
_ Você sabe que eu não sou de fazer estas coisas – falou, observando a indiscrição da amiga ao manipular o celular de Paulo – Acho que ele não vai gostar nem um pouco se souber da sua bisbilhotice.
Carol fez uma cara ruim, repentinamente. Alguns poucos segundos depois devolveu o aparelho para Sophia.
_ O que foi? – perguntou curiosa.
_ Não foi nada. Acho que você tem razão. Eu não tenho nada que ficar bisbilhotando o celular dos outros... Vamos almoçar juntas? - inquiriu alegremente.
_ Vamos sim. Estou querendo saber mais sobre o seu gato grego.
Carol lhe lançou um beijo no ar, despedindo-se.
Sophia ainda estava desconfiada da atitude da amiga. Não costumava fazer aquele tipo de coisa, mas achou que não faria mal algum se desse uma olhada nas ligações de Paulo. Para isso, buscou os telefonemas recebidos e enviados, sem achar nada de interessante. Ao menos os números não eram conhecidos. De repente, lembrou que Paulo tinha tirado algumas fotos deles no último fim de semana que passaram juntos e quis dar uma olhada. Foi aí que entendeu o olhar de susto da amiga, minutos antes. Lá estavam eles. Na beira da praia, entre coqueiros, abraçados, ela fazendo poses para a câmera, num biquíni minúsculo... Paulo e uma linda morena, de dentes branquíssimos, cabelos curtos e corpo escultural, que sorria o tempo todo, ao menos para as fotos. Aquele tinha sido o motivo da demora na Bahia. Estava chocada com a visão daquelas imagens. Nunca pensou que Paulo fosse capaz de uma traição deste tipo, principalmente considerando o pouco tempo que estavam juntos. Seis meses! E já a estava traindo com outra mulher. Sua preocupação agora era que atitude tomar diante destes fatos. Logo ele estaria ali, diante dela. Agora entendia a ansiedade dele em ter o celular de volta. De qualquer jeito, agora não seria a hora nem o local para conversar com ele sobre isso. Esta discussão teria de esperar. Talvez fosse bom conversar com Carol na hora do almoço a respeito disso. Ela foi muito discreta ao ver as fotos e não falar nada. Certamente não queria vê-la sofrendo.
Não se passaram mais que 20 minutos e Paulo chegou à agência bastante agitado.
_ Pronto! Aqui está o seu celular, Sophia.
_ Acho que vou ter de comprar outro modelo para não confundir mais com o seu.
_ È de se pensar nisso mesmo. Bom, troca feita, vou-me embora.
Deu-lhe um beijinho na face e saiu. Carol o observava de longe, quando cruzou seu olhar com o de Sophia, desviando logo em seguida, para não denunciar a raiva que estava sentindo do noivo da melhor amiga.

_ E então, você esqueceu de mandar o contrato para o nosso cliente da galeria de arte? – perguntou Carol, sentada no pequeno bistrô que escolhera para almoçar com Sophia.
_ Claro que não. Resolvi que o levarei pessoalmente após o almoço.
_ Qual o motivo desta mudança de conduta, dona Sophia? – Carol pareceu animar-se com o andamento da conversa.
_ Ainda não tenho certeza, mas pretendo estudar melhor o lugar para ter novas idéias para a campanha – respondeu, sem encarar a amiga.
_ Sophia...O que você está me escondendo?
_ Não estou escondendo nada. Eu é que tenho de perguntar por que você me escondeu o que viu no celular do Paulo hoje cedo?
_ Você está querendo mudar de assunto...
_ Não...realmente não. Acho que o assunto é o mesmo.
_ Eu achei que seria melhor você descobrir por si mesma. Poderia pensar que era intriga minha, já que nunca gostei muito dele.
_ Aliás, você nunca me contou o porquê desta antipatia mútua.
_ Acho que não vale a pena falar sobre isso. Eu estou muito triste por você, Sophia. Eu torcia muito para que vocês se dessem bem e fossem felizes. Confesso que senti inveja quando vocês resolveram morar juntos. Rezei para que ele não fosse um canalha como os outros.
_ Por favor, me conte o que aconteceu para você não gostar dele.
_ Já faz muito tempo...não vale a pena relembrar...
_ Conte! – exigiu Sophia.
_ Está bem, vou contar, se você prometer não tocar neste assunto com ele.
_ Prometo. Conte!
_ Cerca de dois meses depois que vocês começaram a se encontrar, eu o encontrei num barzinho, num happy hour com alguns amigos. Eu estava esperando o Raul, aquele cara simpático da gráfica, com quem saí durante alguns meses, lembra? Pois é. Enquanto eu o esperava, o Paulo saiu da sua mesa, veio até mim e sentou-se ao meu lado. Estranhei muito, pois ele nunca foi muito simpático comigo. Aí percebi o intuito dele. Começou a me cantar descaradamente. Fiquei indignada e perguntei se vocês haviam brigado. Ele me pediu discrição e continuou a cantada. Como viu que eu não queria nada com ele, me chamou de estúpida e voltou para os amigos. Só não fui até ele e joguei um copo de cerveja na sua cara pois o Raul chegou e pediu que eu me acalmasse, depois que contei a ele o que tinha acontecido.
_ Até o Raul ficou sabendo disso? – Sophia estava boquiaberta com o que estava ouvindo.
_ Depois disso, ele nunca mais falou comigo, a não ser para cumprimentar e dar até logo.
_ Safado! Como eu pude ser tão idiota?
_ Eu nunca mais soube ou vi alguma coisa que o desabonasse. Até hoje. Por isso fiquei quieta. Tinha esperança que a minha negativa o tivesse feito criar juízo e perceber a mulher maravilhosa que você era. As pessoas podem mudar...
_ Parece que não foi o que aconteceu.
_ Sinto muito mesmo, querida.
_ Pois eu vou dizer uma coisa, Carol. Surpreendentemente, eu não estou tão chateada assim.Pelo contrário. Começo a me sentir aliviada.
_ Como assim? O que a senhora anda escondendo de mim? Tenho te achado muito misteriosa desde que você foi ao encontro do senhor Paole. É ele o motivo para o tal alívio?
_ Ainda não sei bem o que está acontecendo. Quando souber, pode ter certeza que vou contar a você. É muito cedo para tirar alguma conclusão...
_ Nossa, que mistério...
_ O que eu quero saber agora é sobre o seu príncipe encantado – Sophia tentou inverter o foco da atenção para a amiga e manter seus próprios sentimentos resguardados.
_ Como te falei ontem, o Dimitri é um belo homem. De poucas palavras, mas muito envolvente. Ele me ligou ontem, depois que falei com você. Combinamos de nos encontrar amanhã à noite.
_ Você tem certeza de que não há perigo, Carol? Não sei por que, mas me preocupo com este tipo de “amor à primeira vista”. Você não sabe quase nada sobre ele...
_ Sophia...Já sou bem grandinha para saber me cuidar. Não se preocupe.
_ Então, vamos combinar uma coisa. Você me liga de onde vocês estiverem para me dar o endereço e dizer se está tudo bem. Quando voltar para casa, idem.
_ Está parecendo a minha mãe.
_ Faz de conta que sim. Por favor, me mantenha informada.
_ Só se você me prometer contar tudo a respeito do pintor.
_ Carol! Ainda sou noiva do Paulo e não estou em condições de manter este tipo de relação com outra pessoa. Pelo menos por enquanto.
_ Pois eu acho que você deveria pagar a ele na mesma moeda.
_ Você sabe que não sou assim. Vou ter uma conversa com ele e resolver o que fazer. Talvez não seja nada disso que estamos pensando. Não é tão simples assim romper um relacionamento tão íntimo.
Continuaram conversando por mais alguns minutos sobre a fragilidade das relações amorosas atuais e de como os homens eram mais instáveis que as mulheres. Depois acabaram discutindo sobre uma ou outra campanha, sobre alguns membros de sua equipe e outros assuntos profissionais. Com isso o almoço prolongou-se por mais de duas horas.
Voltaram ao escritório. Depois de dar algumas orientações sobre as campanhas em andamento e resolver alguns problemas pendentes junto com sua sócia, pegou os contratos da Galeria Paole. Pensou em ligar antes para Stefan, mas lembrou de que ele insinuara o seu reencontro hoje. Não o deixaria contar vantagem antes da hora.


Hoje o Stefan não pareceu de corpo presente no capítulo, mas prometo que amanhã ele vai ser mais atuante...Beijos prá todas!

1 de mar. de 2009

Encontro Noturno

Capítulo 5

O telefone tocou insistente e irritante sobre o criado mudo ao lado da cama.
_ Alô? – perguntou com voz de recém acordada.
_ Ainda dormindo, preguiçosa? O que aconteceu? Você não costuma ficar deitada até tão tarde.
_ Alô? Paulo? Que horas são?
_ Já são 13 horas!
_ Já? Que horror!
_ O que houve? Muita festa ontem à noite? – indagou com ironia, sabendo que Sophia não costumava sair à noite, principalmente quando não estava acompanhada.
_ Eu perdi o sono e acabei dormindo muito tarde. Acho que foi isso... – falou ela, tentando recompor-se na cama e ficar mais alerta – Que bom que você me acordou. Tenho um monte de coisas para fazer.
_ Liguei para avisar que consegui um vôo às 17 horas. Devo chegar aí em torno das 21. Tenho uma reunião no final da manhã de segunda. Assim não vai ficar tão cansativo.
Houve alguns segundos de silêncio do outro lado da linha. Sophia ficara pensando porque o motivo dele voltar mais cedo não era o de estar com saudades suas.
_ Alô? Sophia? Você está aí? – perguntou, estranhando a falta de resposta da noiva.
_ Sim...estou aqui. Que bom, Paulo. Quer que o espere para jantar?
_ Não, querida. Eu como alguma coisa no caminho – disse, pensando na sua falta de habilidades culinárias – Não quero lhe dar trabalho.
_ Então está bem. Te espero em casa.
_ Até mais, Sophia.
_ Até mais, Paulo...
Ao desligar o telefone, ela ficou pensando o que teria acontecido com a relação deles. Estavam morando juntos há apenas seis meses e o relacionamento apresentava sinais de desgaste como se já estivessem casados há mais de 10 anos. Talvez estivesse exagerando, mas sentia-se um pouco magoada com a falta de expressão de afeto com que Paulo se apresentava ao telefone e preocupada com a sua própria falta de necessidade de tê-lo perto de si...
Antes que resolvesse discutir a relação com Paulo naquela noite, levantou-se e foi ao banheiro para lavar-se.
Não tinha fome. Tomou um copo de leite e, quando preparava-se para sentar diante de seu PC para trabalhar um pouco, o telefone soou novamente. Seria Stefan?
_ Alô? – atendeu meio insegura.
_ Alô, sua sumida! Então é assim...O maridão viaja e nem para convidar a pobre amiga solteirona para dar uma saída – Carol estava indignada, mas mantendo o bom humor habitual – Ou você arranjou coisa melhor para fazer?
_ Oi, Carol...Eu não lhe falei que tinha uma reunião com o senhor Paole?
_ Stefan Paole, o pintor bonitão? Não, você não falou nada.
_ Desculpe. Eu tinha quase certeza que havia lhe falado sobre ela.
_ Não, a senhora não falou nada – Carol estava visivelmente chateada com Sophia, mas resolveu não discutir – E, como foi esta reunião?
_ Correu tudo bem. Consegui expor as minhas idéias e fechamos o contrato. Amanhã ele assinará. Prometi mandar os papéis para a galeria... Carol, você não está irritada comigo, está? Realmente eu achei que havia contado para você sobre a reunião.
_ Tudo bem, não estou aborrecida, não. Mas podíamos ter saído a noite juntas, não podíamos?
_ A reunião foi ontem à noite.
_ Sophia, estou indo para aí, agora. Não ouse sair de casa. Voce vai me contar esta história direitinho.
_ Que história... – antes que Sophia terminasse a frase, Carol já havia desligado o telefone e estava a caminho de seu apartamento.
Em questão de 30 minutos, Carol desembarcava diante da porta de Sophia,escandalosamente excitada para saber sobre o encontro com Stefan.
_ Qual o motivo para tanto desespero, Carol? Eu apenas disse que havia me reunido com nosso cliente no sábado à noite.
_ Ah, tá bom! Me engana que eu gosto. Nestes últimos três anos como sócias eu nunca a vi marcar compromisso com clientes fora de horário comercial. Sei que você é xiita na questão de trabalho e que costuma ralar nos fins de semana. Mas encontros de negócios, jamais.
_ Não entendi porque você está tão surpresa com isto. O senhor Paole é um homem muito exigente e, digamos, insuportavelmente mandão. Ele não me perguntou se eu poderia ou não fazer esta reunião neste dia. Ele apenas decidiu e ponto final. Como você mesma disse outro dia, o cliente sempre tem razão.Principalmente quando pagam o dobro do que deveriam. Por isso, não quis ir contra o seu pedido. Além do mais, como Paulo não estava aí, achei que não havia motivo para negar.
_ Sei, sei... – Carol ainda não estava convencida de que o motivo havia sido apenas este – Bem, ao menos conseguiu informar-se sobre a situação civil deste “senhor”?
_ Infelizmente não, Carol. Até tentei saber um pouco sobre a vida dele – respondeu honestamente – Mas ele é meio arredio neste assunto.
_ Hum, adoro homens misteriosos.
_ Cheguei a citar o seu nome durante a nossa conversa.
_ Sério, amiga? – Carol arregalou os grandes olhos castanho claros – Como foi isso?
_ Falei que achava que vocês se dariam muito bem por pensarem igual sobre determinados assuntos.
_ Que assuntos?
_ Ah...Não lembro mais o que ele disse e que me fez lembrar de você – respondeu, mentindo.
_ Foi só mesmo negócios, então. Ele não te deu nenhuma cantada?
_ Que é isso, Carol...Claro que não. Tenho a impressão que ele tem poucos amigos e estava precisando conversar. Só isso – Sophia decidiu manter silêncio a respeito do teor do restante da conversa entre ela e o romeno. Tampouco cogitou de contar o seu sonho daquele final de noite. Pela primeira vez, em muitos anos, guardava um segredo da amiga. Isto a fez sentir-se incomodada.
_ Você já almoçou? – perguntou animadamente.
_ Não, ainda não...Mas não estou com muita fome – respondeu Sophia.
_ È só uma desculpa para sair. Vamos aproveitar que você também está solteira hoje e sair para fofocar um pouco.Vamos? – suplicou Caroline, piscando os olhos como se fosse uma menininha de seis anos de idade. Sophia não entendia como a amiga podia ser tão madura profissionalmente, mas às vezes ter um comportamento tão infantil, como naquele momento. Mas este era um dos motivos pelos quais ela gostava tanto de Carol. Com ela podia falar certas coisas e rir à vontade sem medo de sentir-se ridícula. Às vezes pensava se não era melhor ser assim do que uma sisuda estressada.
_ A minha resposta deveria ser não, mas você sabe que eu não resisto quando você me pede deste jeito moleque. Só não quero voltar muito tarde, pois o Paulo volta hoje à noite.
_ Ué? Ele não ia voltar só amanhã?
_ Pois é...Ele acabou de me ligar e avisou que conseguiu um vôo mais cedo.
_ Que bom... Ele deve estar com saudades...
_ È...acho que sim... – não queria dar o braço a torcer para a melhor amiga, que vivia criticando a frieza do relacionamento dos dois – Bom, vou me arrumar. Tenho certeza que você já armou todo um esquema de programação para fazermos esta tarde.
_ Claro!
Enquanto Sophia trocava de roupa, Carol descrevia o que tinha em mente para fazer daquela uma tarde animada. Seria muito bom saírem juntas numa tarde de ócio. Desde que Paulo e Sophia tinham resolvido morar juntos, estes momentos entre as amigas tornaram-se raros.

Já passava das 19 horas quando Sophia voltou para casa. Tinha se divertido muito com Carol, indo ao cinema, parando para tomar um sorvete numa antiga sorveteria nos Jardins, jogando conversa fora e rindo muito. Como nos velhos tempos. Quase esquecera os últimos conflitos que andavam rondando seu coração. Carol chegou a tentar sondar um pouco mais a respeito de Stefan, mas logo viu que não conseguiria nada e desistiu de tocar no assunto, para alívio de Sophia.
Ao entrar no apartamento logo deparou-se com um lindo buque de rosas vermelhas sobre o aparador do hall de entrada.
_ Paulo? – chamou por ele, imaginando como ele conseguira chegar tão cedo e se a separação destes dias havia resultado num certo romantismo – Paulo?
O sorriso foi desvanecendo-se ao perceber que não havia ninguém mais por ali, além dela mesma. Só então resolveu procurar por algum cartão no meio do ramalhete, intrigada em saber como as rosas tinham ido parar lá. Achou-o.
“ Pela adorável companhia de ontem a noite...
Stefan”

Não pode evitar um sorriso ao ver o nome do responsável pelas flores. Elas exalavam um perfume delicioso. Guardou o cartão para que Paulo não o visse ao chegar, mas não teve coragem de colocar o presente fora. O que não conseguia entender era como ele entrara em sua casa. Talvez o zelador tivesse uma cópia de sua chave e a usou para deixar a encomenda. Depois falaria com ele, para que isso não se repetisse mais.
Tomou um banho e ligou seu notebook para tentar trabalhar um pouco, enquanto Paulo não chegava. Ficou pensando se não deveria ligar para seu cliente para agradecer as rosas. Decidiu que não. Talvez fosse melhor ele pensar que aquilo não era importante para ela. O sonho daquela noite insistia em voltar a sua mente a todo instante.
O telefone tocou. Sem entender porque, pegou o fone, apreensiva.
_ Recebeu meus agradecimentos? – soou a voz rouca.
_ Quem é? – tentou disfarçar.
_ Não reconhece mais minha voz? Achei que eu era inesquecível – ela podia imaginar um sorriso ladino estampado nos lábios de Stefan.
_ O senhor é muito presunçoso.
_ “O senhor”? Achei que já havíamos pulado esta etapa.
_ Desculpe. Claro que eu o reconheci. Pensei em ligar para agradecer-lhe as rosas, mas...
_ Não precisa se explicar, Sophia. Eu não esperava que você me ligasse para agradecer nada. Eu estou ligando para ouvir o som da sua voz. Só isso. Até amanhã... – e desligou.
_ Mas... – Não teve tempo de dizer-lhe que ela não o encontraria amanhã. Ele sabia disso...O que ele quis dizer com aquilo? Não tinham combinado nada.
Pensou em ligar de volta. Se ele ao menos tivesse algum email para deixar-lhe mensagens, ficaria melhor. Não precisaria ouvir aquela voz...Não se sentiria tão “invadida”. Mas ele insistia neste contato direto. O que ele estava querendo com ela? Até em seus sonhos ele a procurava. Entretanto, não podia deixar de negar que estava gostando daquele cerco.
“Acho que estou ficando louca e vendo coisas onde nada há”, pensava quase em voz alta, quando ouviu um barulho de chaves na porta da frente.
_ Paulo? - Não tinha mais certeza se a volta do noivo era agradável ou não.
_ Oi, querida! Tudo bem? – exclamou alegre, dirigindo-se até ela e dando-lhe uma beijoca de leve em sua boca. Prosseguiu até o quarto para deixar a maleta de viagem. Voltou para a sala, onde Sophia permanecia parada no mesmo lugar, pensando se este encontro não merecia um beijo mais carinhoso ou um abraço mais caloroso.
_ O que houve? – perguntou ele, olhando-a parada ali, com um olhar perdido no vazio – Aconteceu alguma coisa?
_ Não, não aconteceu nada de mais. Você jantou? - Ela tentava parecer o mais natural possível, apesar de estar imaginando como tinha sido o reencontro deles por ocasião de outras viagens a negócios de Paulo. Será que sempre tinha sido assim? E se foi, como ela nunca ficara chateada com isso? Porque só agora a incomodava a falta de carinho?
_ Já jantei, sim. Eu havia dito ontem que jantaria no caminho, não? Acabei comendo um sanduíche, lá no aeroporto mesmo – falou, olhando-a de alto a baixo – Sophia, você está bem? Estou lhe achando muito estranha. Você já jantou? Está chateada porque não vim jantar com você?
_ Não, querido – disse, sentindo-se a pessoa mais falsa do mundo já que, pelo menos naquele momento, o adjetivo citado não era exatamente o que ela achava mais apropriado para ser dito. Sentia-se um autômato – Não estou chateada, apenas um pouco cansada.
_ E estas flores? Algum admirador secreto?
_ Não. Eu as vi numa floricultura e resolvi comprar, para alegrar a decoração. Gostou?
_ Gostei. Bem, eu vou tomar um banho, ver o meu e-mail e dormir. Quero acordar cedo para preparar-me para aquela reunião no final da manhã – falando isso, aproximou-se dela, acariciou de leve seu ombro e voltou-se na direção de sua suíte.
Sophia ficou olhando para seu parceiro de tantos meses e, sem querer começou a compará-lo com Stefan. Perguntava-se o que a tinha atraído em Paulo. Ele era um homem atraente, sem dúvidas. As mulheres viviam lançando olhares sobre ele. Estranhamente ela nunca tivera ciúmes disso. Pensava que era uma mulher segura de si, por isso esta ausência de medo em perder seu homem. Ele também tinha várias outras qualidades. Era inteligente, trabalhador, educado...Enfim, o príncipe encantado de qualquer moçoila sonhadora. Talvez, por isso mesmo, um chato. Ele nunca a surpreendia, nunca fizera uma declaração mais calorosa de amor, nunca lhe mandara flores... Mas nada disso fora importante para ela. Porque só agora tudo que Carol lhe dizia sobre a falta de emoção em seu relacionamento tornava-se tão visível? Stefan. Era a única resposta que lhe ocorria. Como este estrangeiro conseguia o efeito de virar o seu mundo de cabeça para baixo? De tornar inverdades todas as suas verdades? O que estava acontecendo?
_ Posso usar o seu laptop? Ele já está ligado e, pelo que estou vendo, você não o está usando.
A pergunta inesperada de Paulo tirou-a abruptamente de seus pensamentos. Ele já havia saído do banho. Com os cabelos molhados, vestindo seu pijama de calça curta e segurando sua escova de dente, escorava-se no umbral da porta da sala.
_ Fique à vontade – respondeu.
Ele voltou ao banheiro para terminar sua higiene e logo em seguida retornou à sala, onde se sentou no pequeno espaço reservado à web existente ali.
_ Como foi lá em Salvador? E o tal fazendeiro? Deu tudo certo? – ela tentava mostrar interesse no trabalho dele.
_ Você me conhece, não? Não poderia ter sido melhor. Mais dois clientes importantes. Como sempre digo, dinheiro chama dinheiro – ele parecia realmente satisfeito com sua atuação – E por aqui? Como vai lá na agência? Clientes novos? Alguém importante?
Ela notou uma certa ironia na sua pergunta. Às vezes ela sentia um certo desprezo dele em relação aos seus contratantes. Hoje isto parecia mais evidente, mas pensou que não valia discutir este tipo de coisa, naquele momento.
_ Tudo ótimo. Estamos com um novo cliente.
_ Que bom – exclamou, sem tirar os olhos da tela do notebook – Alguém conhecido?
_ Eu diria que ele é mais conhecido no meio artístico.
_ Ah! Algum ator querendo aparecer mais na mídia?
_ Não exatamente este meio artístico. Ele é um pintor romeno que quer divulgar seu trabalho e sua galeria de arte.
_ Interessante... – disse automaticamente, absorto que estava em meio a sua correspondência eletrônica.
_ Bem, acho que vou dormir cedo também – falou Sophia, levantando-se do sofá onde se deixara ficar mergulhada, analisando sua atual situação amorosa.
Quando passou perto de Paulo, sentiu a mão dele em seu braço e ouviu:
_ Estou com saudade. Me espere acordada. Logo já termino isto aqui – falou, com um olhar adocicado, em tom mais baixo, a frase código que significava que ele a queria sexualmente naquela noite.
Ela apenas sorriu de volta e encaminhou-se para o quarto.
Já estava deitando-se, quando o telefone chamou mais uma vez.
_ Sophia!
_ Oi, Carol! O que houve?
_ Não podia deixar de te ligar para contar o que me aconteceu, menina.
_ O que foi? Conte! Coisa boa, eu espero.
_ Maravilhosa. Conheci o homem da minha vida.
_ Como assim? Você acabou de passar a tarde comigo. Como conseguiu conhecer “o homem da sua vida” em tão pouco tempo e exatamente aonde?
_ Lembra que você não quis que eu te desse uma carona até em casa? Pois é. Fui buscar o carro no estacionamento perto da sorveteria e foi aí que eu o conheci.
_ No estacionamento?
_ Eu fui dar a ré para sair e quase o atropelei. Ele estava indo buscar o seu Porsche e passou exatamente atrás de mim no momento da ré. Eu não o tinha visto e quase morri de susto. Desci do carro pensando que teria que levá-lo direto para o hospital, mas ele estava ali, parado, sorrindo. Ai...e que sorriso, Sophia. Pedi mil desculpas. Ele disse que eu não precisava me preocupar, pois nada de mal havia acontecido. O pior é que eu jurava ter sentido um tremendo baque. Mas ele estava ali, sem uma marca de traumatismo. Um milagre! Ainda bem. Como ele notou o meu nervosismo, convidou-me para beber alguma coisa. Fomos até o barzinho diante do estacionamento e ficamos conversando por mais de uma hora. Foi demais. Combinamos de nos ver esta semana.
_ Mas, Carol, você não acha muito precoce este entusiasmo todo? Você mal o conhece.
_ Amor à primeira vista, Sophia! Já ouviu falar disto? E tenho certeza que ele também sentiu o mesmo que eu.
_ Vá com calma, garota. Quem é ele, o que faz...?
_ Está bem. A “ficha criminal” é a seguinte: Ele se chama Dimitri, é grego, de Santorini, tem família aqui em São Paulo, a quem veio visitar. Parece que tem uma empresa de importação e exportação em sua terra e, apesar de ter dinheiro de família, diz que gosta muito de seu trabalho. Ele é lindo e muito simpático - Carol estava nas nuvens, sem dúvida alguma.
_ Que bom, Carol. Fico realmente feliz por você. Mas vai com calma, amiga. Você mal o conhece. De qualquer forma, estarei torcendo para que tudo dê certo, querida. Você sabe que só lhe desejo o melhor e toda a felicidade do mundo. Mantenha-me informada, viu?
_ Pode deixar. Você vai me dar razão quando conhecê-lo.
_ Tenho certeza disso, Carol – disse, tentando não demonstrar a sua falta de convicção na afirmação.
_ E o Paulo já chegou?
_ Sim, está aqui – ele acabara de aparecer no quarto – Está mandando um beijo prá você.
_ Duvido que ele tenha feito isso. Eu sei que ele não vai com a minha cara. De qualquer jeito diz a ele que mando um abraço.
_ Pode deixar que eu mando. Bons sonhos, Carol.
_ Com certeza vou ter, Sophia. Beijo!
_ Boa noite. Outro!
_ O que aconteceu com a sua amiguinha? – perguntou Paulo, em tom sarcástico.
_ Pelo jeito ela conheceu alguém interessante. Queria me contar.
_ Pobre do sujeito...
_ Não sei porque este seu comentário. A Carol é uma ótima pessoa, bonita, simpática e de bom coração. E além de tudo, talentosa.
_ Está bem, Sophia. Não precisa ficar tão furiosa comigo. Não quis ofender ninguém.
_ Não sei por que você tem esta antipatia em relação a ela.
_ Não é antipatia...Acho que é ciúme de você.
_ Não acredito nisso. Você nunca demonstrou ciúmes de mim nem com outros homens. Porque teria ciúmes dela?
_ Ah, deixa isso prá lá. Vamos aproveitar que ainda é cedo e... – foi aproximando-se de Sophia, deitando-se ao seu lado e envolvendo-a com os braços.
_ Olha, Paulo. Não estou muito a fim de nada hoje.
_ Por causa deste meu comentário sobre a Caroline? Por favor... Passamos dias sem nos ver e você não quer nada comigo?
_ Eu lhe disse que estava meio cansada. Dormi muito mal a noite passada – enquanto dizia isto, ia se ajeitando sob os lençóis e virando de costas para ele, tentando livrar-se do seu abraço.
_ Vocês, mulheres, sempre com alguma desculpa...Por acaso está acontecendo alguma coisa que eu não sei? – perguntou desconfiado.
_ Não, nada. É só uma indisposição. Vai ser bom dormir mais cedo. Amanhã vou estar novinha em folha.
_ Espero... – terminou de falar e virou-se para o outro lado da cama, enquanto Sophia pensava em como tinha sido estranhamente fácil dispensá-lo. Normalmente ele insistiria um pouco mais.
Volto amanhã para o próximo capítulo. Beijos!!