2 de mar. de 2009

Encontro Noturno

Capítulo 6


O despertador de seu celular acordou-a rapidamente. Paulo ainda dormia. Tomou uma chuveirada rápida, só para despertar, arrumou-se e foi preparar o café. Paulo surgiu na cozinha, com os olhos inchados e o cabelo desgrenhado.
_ Bom dia. Pelo que vejo, parece ter-se recuperado bem do mal estar da noite passada.
_ Bom dia. Tem razão. Estou me sentindo muito bem. Acabei de fazer café. Vai tomar agora?
_ Não. Vou trabalhar um pouco até a hora da reunião. Tomarei o café depois. Não se preocupe comigo.
_ Bem, vou andando. Estou cheia de trabalho me aguardando na agência. Encontramo-nos à noite, então?
_ Sim. Vai querer sair para jantar?
_ Não se preocupe. Comprei uns congelados ótimos de comida caseira. Não serei eu a cozinheira hoje.
_ Não falei por isso – ele tentava disfarçar seus motivos.
_ Eu sei...Eu sei – disse sorrindo, depositando um beijo rápido nos lábios dele e saindo rapidamente em direção à sala, onde pegou sua bolsa e saiu para a rua.

Já estava chegando a sua sala, quando o celular tocou dentro da bolsa. O visor mostrava que o chamado vinha do seu próprio aparelho. Ela havia pegado por engano o de Paulo.
_ Alô, Sophia? Você pegou o celular errado de novo.
_ Não tenho culpa se compramos o mesmo modelo.
_ Vou passar aí para pegá-lo agora.
_ Porque agora? Deixa para buscá-lo quando você tiver que ir a tal reunião.
_ Não. Eu preciso dele para dar alguns telefonemas cujos números estão gravados na agenda.
_ Não quer que eu os leia para você?
_ Não! – ela ficou surpresa com a negativa explosiva de Paulo – Não precisa se preocupar em procurar nada aí. Deixe que eu o pego daqui a pouco.
_ Está bem. Eu te espero. Traga o meu, por favor.
_ Claro! Tchau!
_ Oi! O que houve? – perguntou Caroline, que chegara enquanto Sophia ainda estava ao telefone.
_ Oi, Carol! Era o Paulo. Eu troquei os celulares novamente. Ele vai passar aqui para destrocarmos.
_ Algum outro problema? Você fez uma cara estranha antes de desligar.
_ Nada... Bobagem minha....
_ Me deixa ver este celular. Você nunca fica curiosa em ver os telefonemas que ele recebeu ou digitou? Tem mulheres que vivem fazendo isso para controlar os maridos.
_ Você sabe que eu não sou de fazer estas coisas – falou, observando a indiscrição da amiga ao manipular o celular de Paulo – Acho que ele não vai gostar nem um pouco se souber da sua bisbilhotice.
Carol fez uma cara ruim, repentinamente. Alguns poucos segundos depois devolveu o aparelho para Sophia.
_ O que foi? – perguntou curiosa.
_ Não foi nada. Acho que você tem razão. Eu não tenho nada que ficar bisbilhotando o celular dos outros... Vamos almoçar juntas? - inquiriu alegremente.
_ Vamos sim. Estou querendo saber mais sobre o seu gato grego.
Carol lhe lançou um beijo no ar, despedindo-se.
Sophia ainda estava desconfiada da atitude da amiga. Não costumava fazer aquele tipo de coisa, mas achou que não faria mal algum se desse uma olhada nas ligações de Paulo. Para isso, buscou os telefonemas recebidos e enviados, sem achar nada de interessante. Ao menos os números não eram conhecidos. De repente, lembrou que Paulo tinha tirado algumas fotos deles no último fim de semana que passaram juntos e quis dar uma olhada. Foi aí que entendeu o olhar de susto da amiga, minutos antes. Lá estavam eles. Na beira da praia, entre coqueiros, abraçados, ela fazendo poses para a câmera, num biquíni minúsculo... Paulo e uma linda morena, de dentes branquíssimos, cabelos curtos e corpo escultural, que sorria o tempo todo, ao menos para as fotos. Aquele tinha sido o motivo da demora na Bahia. Estava chocada com a visão daquelas imagens. Nunca pensou que Paulo fosse capaz de uma traição deste tipo, principalmente considerando o pouco tempo que estavam juntos. Seis meses! E já a estava traindo com outra mulher. Sua preocupação agora era que atitude tomar diante destes fatos. Logo ele estaria ali, diante dela. Agora entendia a ansiedade dele em ter o celular de volta. De qualquer jeito, agora não seria a hora nem o local para conversar com ele sobre isso. Esta discussão teria de esperar. Talvez fosse bom conversar com Carol na hora do almoço a respeito disso. Ela foi muito discreta ao ver as fotos e não falar nada. Certamente não queria vê-la sofrendo.
Não se passaram mais que 20 minutos e Paulo chegou à agência bastante agitado.
_ Pronto! Aqui está o seu celular, Sophia.
_ Acho que vou ter de comprar outro modelo para não confundir mais com o seu.
_ È de se pensar nisso mesmo. Bom, troca feita, vou-me embora.
Deu-lhe um beijinho na face e saiu. Carol o observava de longe, quando cruzou seu olhar com o de Sophia, desviando logo em seguida, para não denunciar a raiva que estava sentindo do noivo da melhor amiga.

_ E então, você esqueceu de mandar o contrato para o nosso cliente da galeria de arte? – perguntou Carol, sentada no pequeno bistrô que escolhera para almoçar com Sophia.
_ Claro que não. Resolvi que o levarei pessoalmente após o almoço.
_ Qual o motivo desta mudança de conduta, dona Sophia? – Carol pareceu animar-se com o andamento da conversa.
_ Ainda não tenho certeza, mas pretendo estudar melhor o lugar para ter novas idéias para a campanha – respondeu, sem encarar a amiga.
_ Sophia...O que você está me escondendo?
_ Não estou escondendo nada. Eu é que tenho de perguntar por que você me escondeu o que viu no celular do Paulo hoje cedo?
_ Você está querendo mudar de assunto...
_ Não...realmente não. Acho que o assunto é o mesmo.
_ Eu achei que seria melhor você descobrir por si mesma. Poderia pensar que era intriga minha, já que nunca gostei muito dele.
_ Aliás, você nunca me contou o porquê desta antipatia mútua.
_ Acho que não vale a pena falar sobre isso. Eu estou muito triste por você, Sophia. Eu torcia muito para que vocês se dessem bem e fossem felizes. Confesso que senti inveja quando vocês resolveram morar juntos. Rezei para que ele não fosse um canalha como os outros.
_ Por favor, me conte o que aconteceu para você não gostar dele.
_ Já faz muito tempo...não vale a pena relembrar...
_ Conte! – exigiu Sophia.
_ Está bem, vou contar, se você prometer não tocar neste assunto com ele.
_ Prometo. Conte!
_ Cerca de dois meses depois que vocês começaram a se encontrar, eu o encontrei num barzinho, num happy hour com alguns amigos. Eu estava esperando o Raul, aquele cara simpático da gráfica, com quem saí durante alguns meses, lembra? Pois é. Enquanto eu o esperava, o Paulo saiu da sua mesa, veio até mim e sentou-se ao meu lado. Estranhei muito, pois ele nunca foi muito simpático comigo. Aí percebi o intuito dele. Começou a me cantar descaradamente. Fiquei indignada e perguntei se vocês haviam brigado. Ele me pediu discrição e continuou a cantada. Como viu que eu não queria nada com ele, me chamou de estúpida e voltou para os amigos. Só não fui até ele e joguei um copo de cerveja na sua cara pois o Raul chegou e pediu que eu me acalmasse, depois que contei a ele o que tinha acontecido.
_ Até o Raul ficou sabendo disso? – Sophia estava boquiaberta com o que estava ouvindo.
_ Depois disso, ele nunca mais falou comigo, a não ser para cumprimentar e dar até logo.
_ Safado! Como eu pude ser tão idiota?
_ Eu nunca mais soube ou vi alguma coisa que o desabonasse. Até hoje. Por isso fiquei quieta. Tinha esperança que a minha negativa o tivesse feito criar juízo e perceber a mulher maravilhosa que você era. As pessoas podem mudar...
_ Parece que não foi o que aconteceu.
_ Sinto muito mesmo, querida.
_ Pois eu vou dizer uma coisa, Carol. Surpreendentemente, eu não estou tão chateada assim.Pelo contrário. Começo a me sentir aliviada.
_ Como assim? O que a senhora anda escondendo de mim? Tenho te achado muito misteriosa desde que você foi ao encontro do senhor Paole. É ele o motivo para o tal alívio?
_ Ainda não sei bem o que está acontecendo. Quando souber, pode ter certeza que vou contar a você. É muito cedo para tirar alguma conclusão...
_ Nossa, que mistério...
_ O que eu quero saber agora é sobre o seu príncipe encantado – Sophia tentou inverter o foco da atenção para a amiga e manter seus próprios sentimentos resguardados.
_ Como te falei ontem, o Dimitri é um belo homem. De poucas palavras, mas muito envolvente. Ele me ligou ontem, depois que falei com você. Combinamos de nos encontrar amanhã à noite.
_ Você tem certeza de que não há perigo, Carol? Não sei por que, mas me preocupo com este tipo de “amor à primeira vista”. Você não sabe quase nada sobre ele...
_ Sophia...Já sou bem grandinha para saber me cuidar. Não se preocupe.
_ Então, vamos combinar uma coisa. Você me liga de onde vocês estiverem para me dar o endereço e dizer se está tudo bem. Quando voltar para casa, idem.
_ Está parecendo a minha mãe.
_ Faz de conta que sim. Por favor, me mantenha informada.
_ Só se você me prometer contar tudo a respeito do pintor.
_ Carol! Ainda sou noiva do Paulo e não estou em condições de manter este tipo de relação com outra pessoa. Pelo menos por enquanto.
_ Pois eu acho que você deveria pagar a ele na mesma moeda.
_ Você sabe que não sou assim. Vou ter uma conversa com ele e resolver o que fazer. Talvez não seja nada disso que estamos pensando. Não é tão simples assim romper um relacionamento tão íntimo.
Continuaram conversando por mais alguns minutos sobre a fragilidade das relações amorosas atuais e de como os homens eram mais instáveis que as mulheres. Depois acabaram discutindo sobre uma ou outra campanha, sobre alguns membros de sua equipe e outros assuntos profissionais. Com isso o almoço prolongou-se por mais de duas horas.
Voltaram ao escritório. Depois de dar algumas orientações sobre as campanhas em andamento e resolver alguns problemas pendentes junto com sua sócia, pegou os contratos da Galeria Paole. Pensou em ligar antes para Stefan, mas lembrou de que ele insinuara o seu reencontro hoje. Não o deixaria contar vantagem antes da hora.


Hoje o Stefan não pareceu de corpo presente no capítulo, mas prometo que amanhã ele vai ser mais atuante...Beijos prá todas!

5 comentários:

Anônimo disse...

Rô, eu entendo pq ele não apareceu, vc tinha q mostrar como Paulo é uma cafajeste!!! Estou ansiosa pelo próximo capítulo.
Bjos

Ligia Bento disse...

Eu sabia que esse Paulo tinha alguma coisa errado! Desconfio dessas criaturas muito perfeitinhas...
Agora, não me deixe aqui, roendo as unhas! Quero mais e mais!!!
Bjim♥

Anônimo disse...

Help!Help! Tou em brasas continua a escrever assim que ainda ganhas o PULITZER amanhã tou aqui para ler o próximo capitulo espero anciosamente por GER....Stefan beijos RUTE

Pati disse...

Se o Paulo é morno com uma, como é q ele dá conta de duas meu Deus?
O padrão de qualidade dessa mulherada precisa subir kkkk

Lucy disse...

Ah, esse Paulo é um safado!!! Um ‘mala’ safado!!! Eca... Tb, levar uma relação de seis meses tão morna assim, como se fossem apenas velhos companheiros de guerra não dá mesmo... mas não é desculpa, acho que o respeito é fundamental. Aliás, se eu fosse a Carol não teria bisbilhotado o celular dele, mas diante da situação um tanto estranha causada pelo ‘mala’, daria conselhos para a Sophia dar uma espiadinha sim, pois quem não deve, não teme. E seu eu soubesse de algo, não ficaria calada, diria no mesmo instante a minha amiga, afinal, não acho certo deixar essa safadeza tão barato assim.

Menina, mas que babado... esse Paulo não presta mesmo... Tenho uma raiva de homem que canta a amiga da mulher, acho o máximo da falta de respeito e de desamor. Bem feito, foi desmascarado... esse é o tipo de homem que merece sofrer bastante pra ver se aprende... mas o pior é que, na maioria das vezes, são homens tão insensíveis que nem sofrem ao serem descobertos, mas ao contrário, continuam a fazer sofrer aquelas que tem a desventura de se aproximar deles...

E a Carol e o Dimitri... sei não... tô ansiosa por detalhes... vou correndo pro próximo capítulo.
Beijinhos