11 de set. de 2008

A Advogada ... continua

Dois dias depois, Edward ligou novamente. Disse que chegara há algumas horas e que estava ansioso por encontrá-la, mas só poderiam se falar á noite. Por isso deu o endereço de um pub inglês chamado “Old Castle”, que por sinal ficava bem próximo do hotel de Sylvia.
Próximo a hora combinada, Sylvia confirmou a localização do pub com a recepção do hotel e dirigiu-se para lá. Como sempre, chegou um pouco antes da hora. Sentou-se numa das banquetas que ficavam de frente para o extenso balcão de madeira do bar, de costas para as mesinhas na parede do outro lado. Não teve como fugir da lembrança daquela noite no “Lohan’s”. Pediu um refrigerante e um copo com gelo, ao invés do cálice de vinho branco que costumava pedir.
Estava distraída, ouvindo a linda música, provavelmente escocesa, devido a presença de gaitas de fole no arranjo, quando sentiu uma presença aproximar-se e ouviu:
_ Boa noite...Você vem sempre aqui?
O coração de Sylvia paralisou ao reconhecer aquela voz quente e rouca.”Não é possível! Como ele me encontrou aqui?”. Virou-se lentamente, esperando que fosse apenas sua imaginação. Quando identificou a presença real de Gerry ao seu lado e sentiu aquele perfume inebriante que ele usava, fez menção de levantar-se e fugir. Ao tentar, sentiu a mão poderosa dele segurando seu braço.
_ Fique... – rogou Gerry, afrouxando um pouco o aperto – Por favor, Sylvia...Nós precisamos conversar.
_ Eu não tenho nada a conversar com você. O que tínhamos para resolver foi resolvido no escritório da sua produtora. Se você quiser saber mais detalhes técnicos sobre a questão desta nova sociedade que Alan e você estão iniciando, pode procurar o meu sócio, Edward Michels.
_ Sylvia você sabe muito bem que não estou falando sobre a produtora. Precisa ser tão dura comigo?
_ Não sei de qual outro assunto você está falando. Aliás, Edward deve estar chegando daqui a pouco. Você vai poder falar com ele hoje mesmo, pessoalmente.
_ Ele não vêm...
_ O quê? Como?...Ed não vêm? – ela não podia acreditar que seu amigo de longa data fizera isto com ela – Vocês combinaram esta farsa toda? Como ele teve coragem de fazer isto comigo? – disse quase num murmúrio.
_ Talvez porque ele saiba de minhas melhores intenções para com você.
_ Por favor, nós não temos o que conversar. O que aconteceu foi um erro meu. Você não precisa se desculpar. Você queria uma qualquer para passar a noite e, infelizmente, eu cruzei o seu caminho.
_ Eu não queria uma qualquer. Não sou tão promíscuo assim como você está imaginando – agora ele ficara sério e tenso – Que tal nos sentarmos e conversarmos mais calmamente? – rogou, com uma voz e um olhar tão doces que amoleceu a razão de Sylvia.
Ela decidiu ceder e deixou-se levar pela mão dele até uma das pequenas mesas no fundo do pub. Sentaram-se lado a lado, pois não havia outra opção.
_ Agora, olha prá mim...- pediu Gerry.
Ela vacilou por um momento, com medo de não resistir àquele olhar, mas terminou por encará-lo.
Ele continuou, com seus olhos verdes a afrontá-la.
_ Fiquei atraído por você desde que a vi no “O-Bar”. Eu lhe disse isso naquela noite no “Lohan’s”, lembra? Quando a vi novamente, não resisti e a abordei. Realmente pensei que você era uma profissional da noite, pois é lá que elas costumam ir e é para isso que os homens vão até lá. Todos sabem disso.
_ Eu não sabia – disse Sylvia com a voz embargada.
_ Só depois eu soube disso. Deixa eu continuar... – disse ele, segurando a mão esquerda de Sylvia, que estava abandonada sobre a mesa.
Ela pensou em retirar a mão, mas o toque de Gerry era tão cálido e suave, que ela deixou-se estar.
_ Aquela noite foi uma das noites mais incríveis que já tive. Quando te deixei pela manhã, foi com pesar, pois tentava negar o que estava sentindo por você. Apaixonar-me por uma prostituta nunca esteve em meus planos. Mil coisas passaram por minha cabeça. Desde ser motivo de chacota para você, até ser explorado por um cafetão. Apesar de tudo isto, quando retornei ao apartamento naquela manhã, estava decidido a tenta tirar você daquela vida. Mas não a encontrei mais. Quando vi o bilhete amassado e o cheque intacto, aí enlouqueci de vez.
A tudo Sylvia ouvia atentamente, com os olhos marejados.
_ Por que você não conversou comigo antes de sair e deixar aquele bilhete horrível? – As lágrimas começaram a correr – Eu tive vontade de morrer ao sentir-me como uma qualquer. Eu nunca havia me entregado para alguém daquela maneira. Pode parecer desculpa para minha leviandade, mas senti que você era diferente. Não sei explicar...Aí, eu li aquela frase fria, me dispensando, e me senti uma completa tola, imunda, vulgar...
_ Sylvia, me perdoa... – ele tentou abraçá-la, mas ela resistiu. Tentava segurar o choro descontrolado que queria vir à tona.
_ A culpa foi minha, Gerry. Eu não podia ter agido por impulso, me entregando para qualquer um.
_ Não foi para qualquer um...Foi para mim. E eu amei cada segundo desta entrega...E quero muito mais – Novamente ele tentou abraçá-la e desta vez não obteve defesa. Sylvia sentia-se sem forças e necessitada de um afago, mesmo que fosse dele ou, até porque era ele. Sentia-se no meio de uma confusão de sentimentos, entre a vergonha, a vontade de que nada daquilo tivesse acontecido e a necessidade de sentir novamente aqueles braços em torno de si.
_ Me diz como eu posso curar esta ferida que se abriu em você? Me dá esta chance. A gente pode recomeçar de uma outra maneira. Vamos zerar tudo e iniciar de agora em diante. Por favor, Sylvia...
Entre lágrimas e soluços contidos, ela o olhou e sentiu sinceridade e carinho nas suas palavras. Mas ainda estava muito machucada e envergonhada com tudo que acontecera.
_ Não sei, Gerry, não sei...
Amolecendo seu abraço, Gerry aproximou seus lábios do ouvido de Sylvia e implorou baixinho:
_ Por favor...
Era quase impossível resistir àquela voz quente e suave e ao seu olhar suplicante.
Quando ele sentiu que as defesas de Sylvia estavam desabando, segurou-lhe o queixo e aproximou-se para beijá-la.
Mal tocou em seus lábios, foi repelido com delicada firmeza. Ele a olhou surpreso.
_ Não...Eu ainda não estou pronta. Se você quer realmente recomeçar do zero, vai ter de me dar um tempo.
Mesmo tendo sido rejeitado, Gerry sentiu-se animado com a afirmação de Sylvia. Ele daria a ela todo o tempo necessário para que pudesse tê-la de novo em seus braços.
_ Em três ou quatro dias vou viajar por três semanas. Poderemos nos encontrar na minha volta, lá em Los Angeles e conversar – disse, não muito convicta do que estava dizendo.
_ Pois eu tenho uma idéia melhor.
_ Idéia melhor? – perguntou Sylvia, já recuperando um pouco de seu ânimo.
_ Eu tenho de ir a Itália na próxima semana e depois terei de passar em Londres para resolver alguns problemas por lá. O que acha de ir junto comigo.
_Como assim?
_ Edward me falou que você ainda não sabia bem ao certo para onde iria nas suas férias. Que tal me acompanhar? Juro que não vou forçar nada. Podemos viajar como amigos, apenas. Seria muito bom ter a sua companhia.
_ Não acho que seja uma boa idéia...
_ Porque? Você teria suas férias e, ao mesmo tempo, nos conheceríamos melhor.
Normalmente, Gerry ficaria irritado com este tipo de comportamento em uma mulher, mas aquelas incertezas vindas de Sylvia só o deixavam mais seduzido por ela.
_ Você fala como se tudo fosse fácil assim...
_ Mas é fácil assim, Sylvia. Sei que você me entendeu. Sei também que você está com medo de abrir a guarda e ser machucada novamente. Mas eu prometo que isso não acontecerá – disse, pegando em sua mão mais uma vez e prendendo-a com seu olhar – Vamos viajar como amigos. Que tal? Quartos separados, sem segundas intenções...O que acha? Ando cansado de viajar sozinho por aí. Seria um prazer ter a sua companhia. Se depois desta viagem você definir que não quer me ver nunca mais, eu sumo da sua vida.


O que voces acham? Será que ela topa um convite como este ou não? Voces topariam?
Vou deixar aqui a expressão de dúvida do Gerry logo após a pergunta...

4 comentários:

Ligia Bento disse...

É CLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARO QUE EU TOPARIA!!!

Unknown disse...

Euuuuuuuuuuuuuuuu tambéeeeeeeemmmmmmm.......
nossa essa fic ta um espetaculo Ro..
maiiiiiissssss....

Rose Silva disse...

Claro que eu toparia viajar com ele! Aliás, nem precisaria ser como amigos... Eu já teria perdoado quando ele apareceu e estaria enroscada nele na mesa do pub mesmo... KKKKKKKKKKKKKKK

Lucy disse...

Ai meus sais!!!
Amiga, estou com ataques de convulsão nas regiões baixas... (rsrsrsrs)
Que frisson... imaginar me virar no bar e dar de cara com ele, falando ali de pertinho, pedindo-me para ficar... Ai, querido, pede com jeitinho... EU FICO!!!!!!!

Nossa, um por favor no ouvido, em sussurros... EU NÃO AGUENTO!!! SOCORRO!!!!!!!!!!!!!!!!!

Putz, Ro, se depois desse olhar de piedade e amor do Gerry a Sylvia não aceitar viajar com ele, só restará uma coisa: levem a Sylvia pro hospício!!!

Olha, sei que essa situação seria um tanto quanto constrangedora na realidade, o que ela passou não foi fácil, mas amiga: o Gerry... não dá pra resistir!
Vai, Sylvia e tomara que essa história de "sem segundas intenções" não dure muito (rsrsrsrsrsr).
Beijinhos