14 de abr. de 2009

Amor em Cena - 2ªparte

Reiniciaram-se as aulas e, já na primeira semana, sua turma foi avisada de que teriam aulas práticas com a presença de atores famosos, convidados para contar suas histórias pessoais e dar algumas dicas sobre a profissão. A primeira atitude de Dani foi correr os olhos através da lista de nomes que haviam sido convocados para as audições, na esperança de encontrar o nome de seu “amigo”. Infelizmente ele não estava lá. Talvez fosse melhor assim, depois do fiasco do seu primeiro encontro.
Colin Farrel havia sido convidado para a audição daquela quarta-feira. Havia uma excitação entre as mulheres da escola.
_ E então, Dani. Será que ele é tão bonito como parece nas fotos?
_ Olha, Eve...Sinceramente, ele não faz meu tipo. Portanto não estou muito preocupada com estes detalhes. Admiro muito o trabalho dele, mas confesso que achei um horror a sua performance em “Alexandre”. Ele deveria escolher melhor os seus papéis.
_ È, neste ponto você tem razão, mas que ele é um gato, isso não tem como negar.
Eve resolveu não comentar mais nada depois de receber o olhar de tédio de Dani.
Saíram cedo de casa, antes de Lourdes e Gary. Elas desconfiavam que os dois estavam começando a ter um affair e que haviam dormido juntos naquela noite. Não quiseram ser intrometidas, chamando-os para ir à escola muito antes do horário.
Ao chegarem lá, Dani foi pegar uma garrafa de água, pois não tomara café da manhã e estava com muita sede. O calor prometia ser intenso aquele dia. Sabia que o ar do teatro onde seria a audição estava quebrado. Assim, resolveu prevenir-se quanto à sede. Quando entrou no auditório, a maioria dos seus colegas já estavam presentes e o convidado já se encontrava sentado junto ao seu professor, conversando animadamente.
Estremeceu ao perceber que o convidado não era Colin Farrel, como programado, mas sim o mesmo homem que deixara sua bicicleta de lado para ajudá-la antes do final de suas férias. Gerard Butler. Pensou em voltar atrás e sair pela mesma porta por onde entrara. Porém, a voz de seu professor soou alto, fazendo-a voltar a realidade.
_ Senhorita Daniela, que ótimo que chegou. Gostaria que sentasse nesta primeira fileira de cadeiras, onde eu possa vê-la.
Dani estranhou aquela ordem. Steve costumava tratá-la muito bem e sabia que ele a admirava pelo seu desempenho nas aulas práticas. Não entendia o porquê de querer vê-la tão próxima ao palco. Acabou por ser obrigada a obedecê-lo para não chamar tanto a atenção. Rezava para que Gerard não a reconhecesse. Este receio concretizou-se no momento em que viu um leve sorriso brotando de seus lábios, enquanto ele a analisava por inteiro.


Sentiu um calor subindo até seu rosto. Devia estar parecendo ridiculamente tímida. E estava mesmo, o que era pior. Continuou descendo pela lateral das cadeiras, até chegar a primeira fileira e sentar-se na ponta próxima à parede do teatro, que era o lugar mais longe de seu curioso observador.
Steve começou a fazer uma espécie de entrevista com Gerard, que a tudo respondia simpaticamente. Dani parecia conhecer cada uma das respostas, tanto ela havia devorado todas as informações sobre aquele homem. Conhecia detalhes da vida dele, que muitos nunca tinham ouvido falar. O susto começou a ser substituído pela admiração. Ele correspondia a todas suas expectativas. De vez em quando ele lhe lançava um olhar de esguelha, o que a deixava encabulada.


As perguntas da platéia começaram a ser lançadas. A curiosidade era grande sobre como ele vinha conseguindo um sucesso cada vez maior e de como encarava este crescente reconhecimento. O clima entre os presentes era de descontração. Gerard tinha esta capacidade de tornar tudo mais agradável...muito mais.
Quando as perguntas acabaram, Steve perguntou se ele poderia assistir a uma pequena apresentação e dar sua opinião sobre os atores participantes.
_ Claro! Vai ser um prazer.
_ Dani e Roger. Por favor! Venham até aqui e representem aquela cena de “A Megera Domada” que vocês apresentaram no final do último semestre. Ainda lembram, não? Podem improvisar. Ficará ainda melhor.
Quando ele fez este pedido, tanto Dani quanto Roger olharam-se atônitos, imaginando como fariam.
_ Venham! Tenho certeza de que se sairão muito bem – animou-os Steve, fazendo gestos para que eles subissem ao palco – Vamos descer, Gerry? Eles vão precisar de espaço.
Dani notou o sorriso e o olhar de Gerard. Ela temia que sua timidez diante dele prejudicasse sua apresentação. O pedido de Steve era uma surpresa, Por que ele estava fazendo aquilo? Ainda estava ruborizada ao subir no palco e cruzar com Steve e seu convidado especial. Tinha que tentar esquecer a sua presença e concentrar-se nas falas de seu colega. Roger era um homem robusto, mas elegante, de traços másculos e um lindo sorriso, além de bom ator. Tinha muitas “admiradoras” e era muito apropriado para o papel de Petrucchio. Representariam o final da cena 1 do segundo ato, onde Catarina e Petrucchio trocavam farpas ao se conhecerem. Ambos agradeciam por terem ensaiado tantas vezes aquela apresentação, o que lhes valeu uma nota alta no final do semestre, que não teriam dificuldade em lembrar todas as falas e marcações.
A apresentação teve início alguns minutos depois de Dani e Roger trocarem alguns detalhes entre si. Era uma cena bastante engraçada e instigante, que arrancou aplausos de todos quando chegou ao fim. Gerard parecia entusiasmado, pois aplaudiu calorosamente.
_ E, então, Gerry? O que achou de nossos alunos? – perguntou Steve, todo orgulhoso.
_ Acho que virei tomar umas aulas aqui com vocês... – disse com olhar maroto – Vocês estavam excelentes. Parabéns! – desta vez seu olhar passou por Roger e fixou-se em Dani.
Ela, por sua vez, suspirava aliviada por ter conseguido, mais uma vez, desempenhado bem o seu papel, sem deixar que a presença de Gerard a intimidasse.
Feitos mais alguns comentários e elogios à dupla, Steve encerrou a manhã, agradecendo a Gerard por sua vinda de última hora, no lugar de Collin, e que, certamente, aquele seria o primeiro de vários outros convites para retornar àquela escola.
Quando Dani se preparava para sair junto com seus colegas, Steve a chamou mais uma vez.
_ Daniela! Por favor, aguarde um pouco. Queremos lhe falar em particular – ordenou, em voz baixa. Ela voltou a sentar-se, enquanto aguardavam que a platéia se esvaziasse. Ficou apreensiva, curiosa por saber qual o assunto e a utilização do plural na última frase de Steve. Observou-os descendo a pequena escada que descia ao palco, evitando o olhar de Gerard, que podia sentir queimando-lhe a pele e atiçando todos os seus sentidos.


_ Dani, o Gerry está procurando novos talentos para colocar no novo filme que a sua produtora vai realizar em breve. Por isso pedi que você fizesse esta apresentação, pois a considero uma de minhas melhores alunas.
_ Muito obrigada, Steve. Não sei se mereço tanto – respondeu Daniela, sentindo o calor subir ao rosto – E acredito que tenho colegas mais talentosos que eu para participar deste projeto do sr. Butler.
_ Aproveitei minha vinda até aqui exatamente para isso. E creio que Steve está mais do que capacitado para escolher a pessoa mais talentosa para encarnar a personagem de nosso filme – interferiu imediatamente Gerry – Agora, eu gostaria de conversar um pouco com a senhorita, para que pudéssemos nos conhecer melhor.
_ Daniela, acho que esta é uma oportunidade de iniciar uma carreira, aqui no nosso país,
que você não pode desperdiçar – aconselhou Steve – Agora vou deixá-los para que possam se entender.
Assim que seu orientador saiu, ouviu a voz rouca de Gerry dizendo-lhe:
_ Você já tem compromisso para a hora do almoço ou vai sair correndo de novo?
_ Então é isso? Você só quer indagar a respeito do meu comportamento naquele dia? – falou indignada, com a voz tremula.
_ Não! È claro que não. Tudo que Steve falou é correto. Eu não sabia que ia reencontrá-la hoje.
_ Desculpe... Claro que não sabia... Me perdoe. È que você me deixa nervosa – falou e ao mesmo tempo arrependeu-se por ter dado esta deixa para ele.
_ Eu a deixo nervosa? Por quê? – ele parecia surpreso com sua afirmação.
Como ele notasse que ela estava em vias de paralisar novamente, reagiu dizendo:
_ Olhe, que tal se a gente fosse almoçar e conversasse um pouco? – perguntou em tom simpático, mostrando aquele sorriso que sempre a deixava inebriada ao ver as fotos dele.
Convencida pelo olhar terno e pela visão daquela boca sorridente, dirigindo-se a ela, resolveu aceitar o convite. “Eu serei uma completa idiota se não aceitar um pedido destes”, pensou, sentindo que os movimentos voltavam ao seu corpo.
_ Está bem. Talvez a gente precise conversar mesmo. Você deve estar achando que sou louca ou débil mental.
_ Não, eu não estou pensando nada disso... – disse ele, olhando-a docemente.
Imediatamente, ofereceu-lhe o braço, o qual ela aceitou com um sorriso tímido. Saíram do prédio sob os olhares de alguns alunos curiosos.
_ Você tem alguma preferência? – perguntou Gerry.
_ Preferência? – questionou-o sem saber ao certo a que ele se referia.
_ Quanto ao almoço...Você gosta de comida natural?
_ Ah! Claro! Adoro. Conheço um restaurante bem simpático aqui perto. Isto é, se você não se importar com um ambiente simples.
_ Você está achando que sou algum esnobe, Dani? Já passei muito trabalho até chegar onde cheguei e não deixo de lembrar disso a cada minuto. È o que me impulsiona para chegar onde quero.
_ Desculpe...Não quis ofendê-lo...
_ Vamos lá! Estou morrendo de fome – cortou-a em suas explicações, fazendo uma cara de esfomeado que conseguiu arrancar uma risada dela.
Enquanto aguardavam seus pedidos, já sentados numa das mesas colocadas na rua, sob um agradável guarda-sol verde limão, Gerry retomou a conversa.
_ Bem, vamos aos negócios... Como o Steve falou, estou procurando novos talentos para colocar nos filmes de nossa produtora, em papéis menores, é claro, mas que dêem chance a estes novos atores de mostrarem sua capacidade de atuar. Sei como isto é importante no início da carreira. Gostei muito quando surgiu o convite para participar do debate de hoje. Confesso que a idéia de assistir a uma pequena encenação, com alunos escolhidos por Steve, foi minha. Ele prontamente aceitou meu pedido, como uma forma de desculpar-se por ter feito este convite de última hora para tapar o furo do Collin. Mas acredito que também tenha gostado de poder dar uma chance a você e ao Roger. Acho que ele também terá uma oportunidade de atuar em nossos filmes.
_ E porque você só está falando comigo? Ele poderia ter vindo almoçar conosco – falou, desconfiada.
_ É porque estou tentando conquistá-la....- falou com voz melosa e sensual. Ficou fitando-a por um longo tempo, vendo a face de Dani corar-se de todos os tons de vermelho, até que explodiu numa gargalhada, para espanto dela – Daniela, acho que não tem sentido conversar com vocês dois juntos. Já pedi para o Steve marcar um encontro meu com Roger. Além disso, queria entender o nosso encontro do outro dia.
_ Por um momento, pensei que...
_ Não se preocupe. Não me passou pela cabeça esta possibilidade – disse mentirosamente.
“Que pena...”, pensou Dani.
_ Ainda bem...Fico mais tranqüila – disfarçou.
_ Então, continuando nossa conversa profissional, quero saber quando você pode ir a Los Angeles fazer os teste de câmera e atuação para o nosso diretor?
_ Já ?
_ Claro! Você pensou que eu estava brincando? Isto é sério. Não temos muito tempo. O filme para o qual estou te convidando deve começar a ser filmado em dois ou três meses. Tivemos uns problemas com troca de diretor e alguns atores principais, mas agora já está tudo resolvido.
_ Acho que posso pedir um afastamento temporário do curso para poder fazer os testes. Para quando seria?
_ Estava pensando em levá-la para Los Angeles neste final de semana. O que acha?
Daniela sentiu o chão faltar sob seus pés, mas tentou disfarçar da melhor maneira possível.
_ Neste fim de semana? Com você?
_ Sim. Porque não? Você não teria despesa alguma. Nem de transporte nem de hospedagem.
Ela ficou pensativa por alguns instantes, até que conseguiu articular-se.
_ Se é assim, eu aceito. Não tenho muito que pensar, não? Se eu recusar, é capaz de Steve me tirar do curso e me internar numa clínica psiquiátrica – disse sorrindo, sem conseguir encará-lo nos olhos.
_ Ótimo! Agora você vai me contar o que aconteceu naquele nosso primeiro encontro – falou ele mais seriamente, fitando-a intensamente com olhos interessados, que pareciam ainda mais verdes sob o reflexo do guarda-sol.
_ Não houve nada, como eu disse antes. Eu me senti mal, pois não tinha tomado café naquela manhã e nem tomado líquido algum. Me senti tonta e acabei parando no meio da rua. Foi quando você apareceu.
_ E por que a fuga depois?
_ Acho que fiquei envergonhada. Eu o reconheci e...Bateu uma crise de timidez . Logo depois me arrependi, mas já era tarde demais para voltar atrás.
Ele pareceu conformado com sua resposta, pois deu um meio sorriso e chamou o atendente do restaurante para pedir mais uma Coca.
_ E agora? Já perdeu a vergonha ou o medo? – falou arqueando a sobrancelha esquerda e dando uma leve entortadinha no canto esquerdo do lábio, o que o deixou muito sexy.
_ Quase...- respondeu, conseguindo olhá-lo nos olhos, sem corar, sorrindo timidamente.
Neste momento, uma voz masculina gritou seu nome:
_ Dani!
Gerry e ela viraram-se para ver quem era, apesar de Dany já ter reconhecido aquele sotaque texano.
Gary praticamente jogou-se sobre ela, dando-lhe um beijo na boca completamente inesperado, que deixou-a sem reação.
_ Que bom que te encontrei! Precisamos conversar. Ah, desculpe! Não queria atrapalhar a sua conversa. È o senhor Butler, não?
_ Sim. E você, quem é?
_ Eu moro com a Dani. Foi um prazer conhecê-lo. Querida, a gente se encontra à noite em casa para conversar.
Dando-lhe outro beijo, agora no rosto, saiu tão rápido como havia chegado.
Gerry a olhou como se esperasse uma explicação da parte dela.


_ È seu namorado?
_ Não...Nós moramos no mesmo apartamento...Não sei o que deu nele...- disse ainda atordoada, olhando, a procura de algum rastro de Gary. Ela não tinha entendido nada. Sabia que ele era carinhoso com suas companheiras de apartamento, mas nunca fora tão “intenso”.
_ Ah! Vocês moram juntos...Que legal... – disse Gerry, parecendo um pouco desanimado.
Dani só pensava em esganar Gary quando chegasse em casa, mas por outro lado gostou do olhar surpreso de Gerard após o beijo inusitado. Resolveu não dar mais explicações e também não foi mais questionada por conta deste fato.
Conversaram sobre mais alguns temas superficiais enquanto terminavam o almoço,
_ Me deixe o seu telefone para que eu possa entrar em contato sobre a nossa viagem. Devemos partir no sábado à noite. Tudo bem?
_ Tudo bem – ela queria beliscar-se enquanto ele falava.
_ Vou lhe deixar o número de meu celular para o caso de você ter algum imprevisto.
Após a troca de telefones, Gerry olhou para seu relógio e fez cara de quem tinha um compromisso logo mais.
_ Bem preciso ir. Quer que eu a acompanhe até o “Actor’s”?
_ Não, claro que não...Imagina. Fico esperando o seu telefonema.
Despediram-se com um abraço e um beijinho no rosto diante do restaurante.







Olhem só a carinha de preocupado dele depois deste encontro...rsrsrs...
Aguardem o próximo capítulo...Beijos!

3 comentários:

llily disse...

Amiga estou em cólicas esperando pelo desenrolar dessa fic,gente você quer nos deixar ansiosas é isso não é?Por favor minha querida não demore muito em escrever o próximo capitulo,senão vou ter um treco.
Beijos estou adorando esse suspense todo,aguardo as cenas calientes Ai!!!!ploft!!!!

RUTE disse...

Rosane tou toda arrepiada ....aiaiaiaiai...que lindo ,tão romantico ,parece que vejo tudo ,cena por cena como numa tela de cinema.Os promenores tão bem escritos, a descrição é maravilhosa e eu dou por mim babando no ecrã do computador com o coração aos pulos parecendo uma adolescente.Até falo sozinha e começo a rir feito uma louca .Não tenho mais palavras,tá tão lindo e ficando tão intenso.Espero ansiosamente por o próximo capitulo, até tremo só com a expetativa.mil beijos....Rute

Lucy disse...

Ai, meus sais, tadinha da moça, tem que ter coração forte para agüentar dois dias com emoções tão intensas assim! E basta um olhar desse homem para deixar a qualquer uma de nós fora da realidade!
Putz, coitada da Dani, isso já é sacanagem! Interpretar naquele momento em que seus sentimentos estava a flor da pele deve ter sido dificílimo.
Ai, que coisa mais gostosa, saíram de braços dados... aliás, segurar um braço daquele... eta coisa boa...
Xiiiiiiiiiii... já estão boicotando a Dani... mas até que é bom para o Gerry não ficar se achando... sabe como é, se ela se mostrasse muito livre, talvez ele pudesse perder o interesse. Mas que ela deve ter ficado doida e com vontade de triturar o outro, isso deve...
Beijinhos