17 de abr. de 2009

Amor em Cena - 5ª parte




Sentia as lágrimas escorrendo por sua face, quando ouviu a voz de Gerry, perguntando em tom baixo de voz:
_ Por que está chorando? – e fez uma pequena pausa – O que está acontecendo, Daniela? – perguntou mais uma vez, agora aproximando-se de onde ela estava sentada, consternado. Ele não conseguia ficar indiferente a uma mulher chorando. Sentia-se totalmente desarmado.
_ Porque sou uma idiota. Consegui estragar tudo, não foi?
Silenciosamente, ele sentou-se ao lado dela, muito próximo.
_ Acho que você está ansiosa por causa do teste. Isto acontece...
_ Desculpe-me por ter dito aquelas coisas a seu respeito. Sei que você não seria capaz de fazer nada disso.
Após um interminável minuto de silêncio, Gerry acabou por falar:
_ Vem cá – puxando-a contra si e abraçando-a carinhosamente – Vamos esquecer o que aconteceu. Eu sou meio brincalhão às vezes e posso dizer algo inconveniente. Talvez eu tenha feito uma brincadeira na hora errada.
Levantou sua cabeça com os dedos em seu queixo, delicadamente e a fez olhar em seus olhos.
_ Foi muito bom te ter em meus braços e te amar. Espero que a gente possa repetir momentos como este muitas e muitas vezes – disse, quase num sussurro.
Lentamente, ele foi aproximando seus lábios do rosto de Daniela e começou a secar suas lágrimas com beijos suaves,
_ Ah, Gerry...Me perdoa?
Ele ficou sério.
_ Só se você me der um beijo...
_ Acho que posso dar mais que um beijo...
Ele a abraçou com força, para logo em seguida colar seus lábios aos dela.
Já esquecidos do que acontecera e incendiados pelo desejo, do beijo passaram às carícias. Logo estavam a caminho do quarto...



Ao acordar pela manhã, assustada por não saber a hora, percebeu a ausência de Gerry ao seu lado na cama. Ouviu a sua voz ao longe, na sala, falando com alguém. Levantou-se e foi na direção da porta para tentar descobrir com quem ele falava.



_ Claro, querida! Vou estar com você em breve. Estou morrendo de saudades... Eu também...Te amo...Um beijo...
Daniela sentiu um aperto no coração, mas não quis que ele percebesse que tinha ouvido aquela conversa. Foi para o banheiro tomar uma ducha. Quem seria a mulher com quem ele estava falando? Não. Não deixaria o ciúme tomar conta dela. Já tivera uma discussão antes. Não queria outra. Apesar do que ouvira, podia estar enganada a respeito do teor da conversa. Ela era uma pessoa muito afetuosa. Podia ser uma amiga, podia ser alguém do passado...Afinal, eles estavam apenas começando uma relação...
Sob a água do chuveiro, tentava esfriar a cabeça, mas a dor da dúvida continuava.
Foi quando estava de olhos fechados, começando a ensaboar-se, que sentiu a presença dele atrás de si. Logo foi envolvida por um par de braços fortes e sentiu o corpo nu de Gerry encostar-se no dela.


_ Posso tomar banho com você? - perguntou, apreciando cada contorno de seu corpo.
_ Mas tenho que trocar de roupa...tenho que...passar no hotel...- dizia isto, sentindo o corpo desfalecer sob o toque das mãos dele. Não tinha como resistir àquele homem.
_ Para quê? As suas roupas de ontem caíam muito bem em você...
Daí para a frente, Daniela deixou-se levar pelos carinhos e beijos de Gerry. Logo, ela também passou a ajudá-lo a “lavar-se" e, como era de esperar, o “banho” terminou em mais uma explosão de prazer entre os dois.
Tomaram um rápido café e foram para o estúdio onde seria feito o teste. Durante o caminho, Daniela permaneceu mais calada. Ele considerou que fosse a ansiedade que ainda a incomodava. Na verdade, ela estava perdida em outro tipo de pensamentos relacionados com o telefonema que presenciara e as dúvidas colocadas por Eve e Gary.
Ao final do trajeto, Daniela chegara à conclusão de que tentaria viver apenas o momento. Mesmo que ele estivesse com ela apenas pelo sexo, ainda assim isto poderia ser muito agradável. Tentaria ser o menos romântica possível. Ela estava apaixonada. Ele, provavelmente, não. Mas estavam juntos agora. Isso é o que importava. Era melhor não nutrir falsas esperanças.
Ao chegarem, uma pequena equipe já se encontrava no local e Felix, os aguardava. Daniela estava um pouco tensa, mas lembrava de todas as suas falas e as de Gerry também. Era uma cena de discussão entre um casal, pouco antes da mulher ser assassinada. Havia uma certa tensão no ar, que culminava com a personagem de Dani dando uma bofetada no marido – Gerry.
Quando estavam todos prontos, o teste começou e ambos atuaram magnificamente bem. Para surpresa de Gerry, Daniela realmente o esbofeteou na hora da cena que valeria como teste final. Talvez com mais força que o previsto.
_ Corta!...Ficou excelente! – disse Felix.
_ Puxa, Dani. Só não precisava usar tanta força. Quase deslocou o meu maxilar... – disse Gerry, esfregando o rosto no local do tapa.
_ Não exagera , Gerry. A cena, as expressões de vocês ficaram bem realistas. Só tenho que ver como ficou o filme. Venha ver comigo.
_ Desculpe, Gerry. Não foi minha intenção. Errei na força – disse isso, mas pensou se inconscientemente não havia feito aquilo por causa do telefonema de antes – Vou deixar vocês verem o resultado final a sós. Estarei no camarim para tirar esta roupa.
_ Não quer esperar para que eu a ajude? – perguntou, com olhar de cobiça.
_ Não... Fique quieto – sussurrou – Não quero que saibam sobre a gente.
_ Por que não? – falou ele, rindo e sussurrando também.

_ Porque fico envergonhada.
_ Tá bom... Vá arrumar-se. Vamos sair para almoçar depois.
O teste de Daniela havia sido um sucesso e durante o almoço, Gerard deu-lhe a boa notícia de que estava contratada para o papel.
_ Quando começam as filmagens? – perguntou entusiasmada.
_ Só no final do ano, se não houver mais problemas. Você vai poder concluir o seu ano no Actor’s e depois, dedicar-se às filmagens.
_ Mas são poucas as cenas em que apareço. Que eu saiba sou assassinada no início do filme.
_ È, mas tem alguns “flashbacks” em que o seu personagem aparece. Fora isso, quero que você fique comigo nas suas férias.
_ Será que até lá você ainda vai querer ficar comigo? – perguntou, fazendo-se de dengosa.
_ Que pergunta boba é esta? Não vai começar de novo com aquela estória de ontem, vai?
_ Não. Estou brincando... - disse desviando o olhar.
_ Você está meio estranha, Dani. Desde que saímos de casa hoje... O que anda passando por esta cabecinha maluca?
_ È impressão sua. Acho que estou triste porque vamos ter de nos separar amanhã.
_ È verdade, meu bem... Mas é por pouco tempo. Infelizmente prometi para o Steve que a devolvia logo após o teste. Tenho que cumprir a minha palavra – falando isto, procurou a mão dela sobre a mesa.
_ Quando vou poder vê-lo de novo?
_ Logo. Na primeira brecha que tiver nos meus compromissos darei um jeito de ir à Nova York. Não se preocupe. Não vou deixar você voltar para o... Como é mesmo o nome dele? Gary?
_ Gary? Eu já te disse que ele é só um colega e que dividimos o apartamento entre quatro pessoas – disse ela, rindo.
_ Entre quatro? Tem mais três homens morando com você?
_ Gerry! Deixa de ser bobo. Claro que não. Somos três mulheres e o Gary.
_ Então ele está se dando muito bem – continuava sarcástico.
Dani sacudiu a cabeça, rindo dos comentários de Gerry. Adorava aquele bom humor dele.
_ Quando você for à Nova York, vou apresentá-lo aos meus amigos. Você vai ver que não tem nada do que você está insinuando – ela pensou melhor e lembrou-se do namoro entre Lourdes e Gary.
_ O que foi? Lembrou de algo inconfessável?
_ Não. Estava só lembrando que o Gary está namorando uma das meninas, a Lourdes.
_ Ah! Então eu tinha razão. Ele está se dando bem.
Ela apenas sorriu, reprovando-o com o olhar.
Terminaram o almoço e foram passear um pouco pela cidade. Gerry teve de dar uma chegada no escritório da produtora para assinar alguns papéis. Passaram pelo hotel, onde ele praticamente obrigou-a a pegar suas coisas e fechou a conta. Ficaria hospedada, até o dia seguinte, no apartamento dele. Isto a deixou realmente alegre. Parecia ser um bom sinal. Ele queria ficar mais tempo com ela.
Na recepção, enquanto Gerry acertava tudo com o recepcionista, Alejandro apareceu. Foi direto ao encontro de Daniela.
_ Ola! Procurei por você esta manhã, mas me disseram que não estava.
_ È. Tive um teste para fazer hoje pela manhã.
_ Teste?
_ Sim. Eu sou atriz e vim para Los Angeles para fazer um teste para participar de um filme.
_ Sério? Quer dizer que estou a frente de uma atriz famosa?
_ Não – ela sorriu – Imagina. Estou tentando iniciar na carreira. Estudo no Actor’s Studio em NY e agora surgiu esta oportunidade.
_ E como foi?
_ Estou contratada.
_ Parabéns! Temos que festeja então. Que tal jantarmos juntos hoje à noite? – ele estava dando em cima dela escancaradamente.
_ Infelizmente eu já tenho compromisso, Alejandro.
_ E amanhã? – insistiu, lançando um olhar para Gerry, no balcão a frente, que já tinha percebido a sua presença e lançava olhares desconfiados para os dois – Ainda vai estar acompanhada pelo seu cão de guarda?
_ Não fale assim, Alejandro. Gerry e eu estamos namorando – sentiu-se estranha ao fazer esta declaração.
_ Mas até ontem ele era apenas um amigo.
_ As coisas mudam. Além disso, estou voltando para Nova York amanhã pela manhã.
_ Que coincidência! Também vou para Nova York em dois dias.
Daniela já estava começando a achar Alejandro inconveniente, quando ele sacou um cartão com o número de seu celular. Neste instante, Gerry surgiu, e abraçou-a.



_ Vejo que está se despedindo de seu amigo, Dani. Temos que ir embora. Agora.
_ Você é um “hombre” de muita sorte.
Gerry olhou-o quase com raiva e puxou Dani pelo braço.
_ Vamos, Daniela. Foi um prazer conhecê-lo, Juan - despediu-se com desprezo.
_ Adeus, Alejandro. Foi um prazer ... – mal teve tempo de terminar a frase e seguiu atrás de Gerry, bastante satisfeita. Tanto por estar livre do rapaz que começara a tornar-se inoportuno, como por perceber claramente o ciúme na atitude de Gerry.
_ Será que não posso deixá-la sozinha um instante, que já tem um homem grudado em você? – ele só conseguiu falar depois que estava no carro, já no trânsito.
_ Que é isso, Gerry? Ele estava apenas sendo gentil.
_ Gentil? Achei que ele ia te agarrar ali mesmo na frente de todos.
_ Não exagera...- ela estava se divertindo com toda aquela cena dele.
Resolveu acalmá-lo um pouco, desabafando:
_ Preciso te agradecer por ter me tirado dali, naquela hora. Realmente, ele estava se tornando um chato. Obrigada por me salvar do “Juan” – olhou-o com carinho e fez um carinho em sua nuca, o que o fez arrepiar-se.
_ É verdade isso? – ele sorriu.
_ Claro. Não estava mais agüentando a cantada dele.
_ Ah! Então você concorda que ele a estava cantando.
_ Estava, eu reconheço. Mas ele estava só perdendo tempo. Eu já estou comprometida com outra pessoa – disse baixando os olhos, com falsa timidez., olhando-o de soslaio.
Ele a olhou, por um momento, com um doce brilho nos olhos verdes, e pegou sua mão, levando-a aos lábios e beijando-a. Não disse nada. Apenas sorriu.
Ela pensou: “Como seria bom se ele me amasse e tivéssemos um compromisso de verdade...”
_ Que tal irmos para casa descansar um pouco e depois sair para jantar?
_ Acho uma ótima idéia.
Mal entraram no apartamento, começaram a beijar-se loucamente. Já estavam procurando um meio de livrar-se das roupas, quando uma voz feminina fez-se ouvir:
_ Senhor Butler...
Os dois, imediatamente, paralisaram suas ações e viraram-se na direção da dona da voz.
_ Você ainda está aí, Greta? – perguntou Gerry à sua diarista, enquanto Dani ajeitava suas roupas.
_ Desculpe. Não queria interrompê-los, mas o senhor Alan ligou e disse que precisava falar com o senhor. Ele não estava conseguindo localizá-lo pelo celular.
_ Está bem, Greta. Está dado o recado. Muito obrigado. È só?
_ Sim, senhor.
_ Então, pode ir para casa.
_ Até amanhã, senhor.
_ Até, Greta.
Ele virou-se para Dani.
_ Acho que deixei o celular no carro enquanto estava no hotel – ele olhou o aparelho e confirmou as várias chamadas não atendidas de Alan – Ele não costuma ser tão insistente assim. Vou ter que ligar para ele. Vou te ajudar a colocar suas coisas no meu quarto. Depois sairemos para jantar. Que tal?
_ Para mim está ótimo – sentiu que o clima fora totalmente dissipado. “Talvez depois do jantar...”, pensou ela.
Gerry levou sua maleta para sua suíte e foi telefonar para Alan. Antes lhe deu um beijo de leve nos lábios. Dani resolveu separar uma roupa para o jantar e tomar uma ducha. O dia tinha sido muito quente. Quando saiu do banheiro, ele continuava ao telefone. Colocou um vestido leve, com motivos florais, em tons de verde e azul, que reservara para um encontro. Prendeu os cabelos no alto da cabeça, deixando a nuca à mostra. Ouviu uma batida na porta, quando estava começando a maquiar-se.
_ Posso entrar? – perguntou ele, já começando a entrar no quarto.
_ Claro!
_ Ah...Já está arrumada. Tinha esperança de que ainda estivesse no banho...
_ Você está muito assanhado.
_ Você me deixa assim... – falou, aproximando-se e beijando-lhe o pescoço nu, provocando um arrepio gostoso.
_ Melhor você se arrumar também. Estou começando a ficar com fome.
_ Está bem – dizendo isto, sem pudor algum, começou a despir-se na frente dela. Ela tentava desviar os olhos, mas era muito tentador ver aquele homem de corpo perfeito e cheio de vigor preparando-se para um banho. Teve vontade de tirar suas roupas também e voltar para o banho, para acompanhá-lo. Por sua vez, Gerry sabia o efeito que estava provocando nela e a incitava:
_ Tem certeza que não quer tomar outra ducha?
_ Não... Digamos que é um convite muito sedutor, mas vou ter que recusar.
_ Você é quem sabe – respondeu com sorriso malicioso, enquanto se dirigia para o banheiro
.



Ela tentou agir normalmente, como se isso fosse possível com ele andando nu diante dela. Sorriu e voltou a fazer o que estava fazendo. Teve que ter muito cuidado para não borrar o rosto todo com as mãos tremulas. Assim que conseguiu terminar de aprontar-se, foi para a sala, pois certamente não resistiria vê-lo vestir-se sem desejá-lo.

Amanhã eu continuo, minhas queridas. Prometo acabar este pequeno romance no fim de semana. Beijinhos!

3 comentários:

RUTE disse...

AAAAA eu sabia que a hipótese do livro já estava na sua cabeça.Escreves muito bem com muito perfecionismo.Mas o que eu queria mesmo e que este livro chegasse ás maõs de Gerry !Era fantástico!Eu acho que ele iría adorar, e quem sabe até produzir um filme!!!!Bem é melhor voltar para a Terra pois já vou em altos vôos rsrsrsrs....!Tou anciosa pelo final!abraços e bom fim de semana

Rosane disse...

Estes vôos são meus também, querida... Quando escrevi o ERIK, a continuação do Fantasma da Ópera, fiquei imaginando como seria se fizessem um filme dele. Mas tudo é muito distante da realidade. De qualquer forma me sinto muito lisonjeada e extremamente gratificada com os elogios que recebo, teus e das meninas. Quem sabe um dia...
Um beijo carinhoso prá ti, Rute.

Lucy disse...

Ai, Rô, agora vou chorar mesmo!!! Gerry tão romântico, tão carinhoso... Já tô aqui molinha, molinha, suspirando sem parar...
Ainda bem que ela resolveu viver o momento e aproveitar ao máximo a oportunidade que o destino estava lhe dando de conhecer mais intimamente esse homem tão encantador!
Só tenho uma pequena crítica: Daniela, vc aí com tanta sorte, um homem desses nuzinho a sua frente, te convidando para outro 'banho' daqueles e vc resolve adiar isso?!! Mas que tolinha... tenho certeza de que se fosse uma das gerrymaniacas daqui a coisa teria sido diferente... (hihihi)
Beijinhos